Somente em 2021, mais de 66 milhões de raio caíram no Brasil; especialistas falam de aumento em virtude das mudanças climáticas | |
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 66 milhões de descargas atmosféricas atingiram o Brasil durante o ano de 2021. Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram contabilizados cerca de 17 milhões de raios no país, aumento de 29% se comparado ao mesmo período do ano passado. É o país que tem a maior incidência de raios do mundo.
As descargas atmosféricas podem ocorrer em virtude de vários fenômenos tais como erupções vulcânicas, incêndios florestais intensos e tempestades de chuva ou de poeira. Os raios acontecem devido ao acúmulo de cargas elétricas geradas pelo atrito de massas de ar nas nuvens em regiões localizadas da atmosfera. Para que eles ocorram, é necessário que as cargas elétricas tenham sinais contrários entre as nuvens ou entre as nuvens e o solo, Desta forma, as cargas elétricas buscam o equilíbrio, originando os raios.
De acordo com o engenheiro eletricista e presidente da Comunidade dos Engenheiros Eletricistas do Paraná (CEEP), entidade parceira do Crea-PR, José Fernando Garla, a densidade de queda de raios no Brasil está cada vez maior devido às mudanças climáticas. “A região norte do Paraná é uma das mais atingidas por descargas. A incidência fica entre 5 a 16 raios por quilômetro quadrado”, afirmou.
Pato Branco ocupa o 385º lugar no ranking de cidades do Paraná com maior número de incidência. São 3,68 descargas por km²/ano. Francisco Beltrão aparece um pouco à frente, com 4,21 km²/ano (333º lugar). Já a capital do estado tem 4,78 de densidade e 223º no ranking estadual. As densidades de descargas se referem ao período entre 2016 e 2019.
Para minimizar os impactos ocasionados pelas descargas atmosféricas e proteger as edificações (residências, edifícios comerciais e industriais) é necessária a utilização dos Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA). Popularmente conhecido como para-raios, a função principal do equipamento é proporcionar um caminho para a dissipação da corrente elétrica e conduzi-la para o solo. O engenheiro eletricista é o profissional qualificado para projetar, instalar e inspecionar um sistema de SPDA instalado em qualquer tipo de estrutura.
“Devido à formação, o engenheiro eletricista é capacitado para projetar e executar este tipo de instalação. Ele reúne conhecimento adquirido durante a graduação, além de realizar especializações e amplo trabalho de campo no setor para se tornar um especialista desse tipo de serviço. Só ele pode recomendar a instalação do sistema e fazê-la de forma assertiva, além de especificar os materiais e equipamentos a serem utilizados para atender às necessidades de cada tipo de empreendimento”, salienta Garla.
A instalação do SPDA requer, ainda, conhecimentos das normas contidas na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No caso do SPDA, é utilizada a NBR 5419. “Trata-se de uma norma técnica complexa, a qual exige estudo aprofundado de aplicabilidade. Quando o cidadão comum não contrata um engenheiro, o sistema fica comprometido”, comenta.
Crea-PR recomenda substituição de para-raios radioativos por convencionais
O Crea-PR alerta para importância de manter o sistema de proteção de descargas atmosféricas (SPDA), conhecido popularmente como para-raios, em perfeito estado de funcionamento e manutenção em dia.
Em algumas edificações antigas, ainda é possível encontrar para-raios radioativos. De acordo com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), a fabricação do equipamento no Brasil foi autorizada de 1970 a 1989 com base em estudos que indicavam maior eficiência que os convencionais. Porém, no começo da década de 1990, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) suspendeu a instalação e fabricação após constatar que o desempenho não era superior.
De acordo com Garla, estes equipamentos precisam ser desativados e retirados por um profissional habilitado, pois não podem ser descartados no meio ambiente. Em seguida, devem ser encaminhados para um órgão responsável que cuide do material.
A inspeção de um SPDA deve ser feita anualmente. “Se houve algum sinistro recentemente, é recomendado que se verifique como o sistema está após a descarga”, completa. Os síndicos ou proprietários de imóveis são responsáveis por solicitar a manutenção periódica dos sistemas. Cabe, também, aos empresários que possuem sistemas instalados em indústrias a contratação de um profissional habilitado e devidamente capacitado para realizar o serviço, em posse da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e registrado no Crea-PR”. A mesma recomendação é dada a moradores de residências com o SPDA instalado.
Para mais informações sobre SPDA, acesse o caderno técnico disponibilizar pelo Crea-PR no link a seguir: https://www.crea-pr.org.br/ws/wp-content/uploads/2016/12/protecao-contra-descargas-atmosfericas-SPDA.pdf