A variedade de sintomas e efeitos de longo prazo da covid-19 continua sendo um desafio para os médicos mesmo depois de mais de um ano em que o Sars-COV-2 colocou o mundo de joelhos. Muitas informações foram esclarecendo o inimigo até então desconhecido, mas outras continuam uma incógnita até para a área da Saúde. É por isso que, apesar de muito se falar sobre o assunto, muita gente segue desinformada sobre o vírus, a infecção, a doença e o tratamento.
Um exemplo é quando a covid-19 acomete as crianças. Embora a maioria delas, quando infectadas, apresentem sintomas leves ou nenhum sintoma, algumas evoluem para quadros graves, enquanto outras sentem efeitos a longo prazo.
Conforme a médica pediatra Dayse Adazs Fonseca, é real a informação de que a maioria das crianças contaminadas são assintomáticas. “A proporção das que evoluem para o estado grave da doença é muito pequena, inferior a dos adultos. Mas crianças que têm comorbidades, como as sindrômicas, cardiopatas e neuropatas, são mais propensas a sofrer agravamentos”, explica.
Como algumas variantes têm uma capacidade maior de contágio, a situação fica ainda mais preocupante, principalmente na convivência escolar. Contudo, a pediatra garante que, respeitando o distanciamento social, com o uso de máscaras e do álcool gel, é seguro que as crianças frequentem as escolas. Contudo, Dayse alerta que, entre as crianças de idade pré-escolar, estas medidas são mais difíceis de serem executadas.
A médica lembra ainda que crianças menores de 23 meses podem desenvolver a doença na forma mais grave.
No mais, a especialista indica evitar ambientes fechados e só levar os pequenos em unidades de saúde se for muito necessário. “É preciso evitar aglomerações e usar máscaras sempre”< reforça.
Sequelas
Os Institutos Nacionais da Saúde estão estudando a covid-19 em crianças, incluindo consequências de longo prazo, e esses estudos apontam que é possível que, assim como os adultos, elas sofram problemas pós-contaminação. Dayse confirma e completa: “principalmente afetando o sistema cardíaco e pulmonar”.
Há também o conceito covid longa, ou pacientes de longo prazo, que são os que sofrem com sequelas. Refere-se a um subgrupo de pessoas infectadas que, ao invés de se recuperarem dentro de algumas semanas, continuam a ter sintomas por semanas ou meses.
Nesses casos, a ciência ainda tenta entender por que isso acontece com algumas pessoas e não com todas, e inclui crianças, mas principalmente adolescentes, nesse grupo.
Na adolescência, há uma tendência de que os pacientes que apresentam esses sintomas terem muita dificuldade em voltar aos seus níveis anteriores de funcionamento, como voltar para a escola, ao trabalho ou mesmo retornar os esportes que praticavam.
E esse talvez seja o aspecto mais desafiadores sobre a forma longa da doença, que não se trata de uma condição ou de um conjunto de sintomas, mas uma variedade de sintomas diferentes, como dor, fadiga profunda, dores musculares, dor de garganta, febres, dificuldades respiratórias, variando de pessoa para pessoa. Há dúvidas se esses sintomas surgem por causa do impacto do próprio vírus em certos sistemas de órgãos ou se seria mais um impacto de como o sistema imunológico responde à infecção.
No entanto, o que não cessa são os esforços que têm sido feitos para ajudar esses a pacientes. “Esperamos que, em breve, as vacinas sejam fornecidas para todas as faixas etárias”, finaliza a pediatra.