Crise climática, uma realidade mundial

            A crise climática veio para ficar, a menos que nós seres humanos, os maiores responsáveis por essa crise tenhamos uma solução uniforme e o mais rápido possível, a tão badalada exaltação humana em termos de conquista, agora dá de cara com o alto preço que se tem pelo ser humano ter ido longe demais, a valorização do êxito, até dias atrás um fato corriqueiro, se volta agora com problemas que explodem mundo afora, não sendo nenhuma exclusividade brasileira. A religião do ter mais, ser sempre mais, tão encrustada na alma ocidental, agora de joelhos clama para que essa mesma religião não destrua os seres humanos; a crise climática aqui e acolá, vem ceifando sistematicamente grandes estruturas, tais como: o atual sistema financeiro imperante, o individualismo e sua grosseira soberba, jogando tudo e todos numa mesma vala comum; o mundo de hoje está enfermo.

             Fiquemos apenas com três exemplos de crise climática, sendo a primeira, a seca: Quem de nós já um dia ou outro não enfrentou uma seca? Qual agricultor em sã consciência e em seus anos de lida com a terra, volta e meia não se defrontou com esse perigo? E os habitantes das cidades, quantas vezes já não enfrentaram racionamento de água ou energia elétrica, devido ao tempo seco? Nosso amado e querido Brasil sabe muito bem o que é a seca, de norte a sul e de leste a oeste, este é um problema que vem aumentando, especialmente na região norte do país. Mudaram as estações do ano, sendo assim a existência humana e a existência extra-humana ficam expostas a sérios perigos, tais como: falta de alimento, falta de água para beber, uma economia que capengará, isso para ficarmos no mínimo das tragédias; é a superabundância da banalidade do instante doentio.

            Em segundo lugar e na esteira da seca, vem os incêndios cada vez mais mortais, todos os anos o Brasil sofre muito com eles, mas nas últimas décadas os aumentos tem saído do controle, recordes macabros, um atrás do outro revelam o fracasso da capacidade humana de controlar os mesmos, a região do pantanal mato-grossense é uma das regiões mais castigadas. Assim como na seca, com os incêndios, a vida que já é precária para muitas espécies, agora torna-se extremamente fragilizada e a todo vapor, pois muitas espécies atingidas pelo fogo poderão nunca mais se reproduzir, ocasionando um desastre sem precedentes para todos nós; interessante notar que todo o conhecimento adquirido pelos seres humanos e colocado quase sempre a força na terra, se desfaz em minutos, vira fumaça, a realização do impossível sem controle torna-se agora uma realidade nua  e crua.

            Em terceiro lugar, temos as enchentes, o oposto completo, mas da mesma forma rápida e mortal por onde passa, estamos vivendo e presenciando o fenômeno das cheias, especialmente no Rio Grande do Sul, ali acumulou-se a complexidade da devastação, vimos como ninguém o enorme descaso com que o clima, a terra e os rios foram tratados nas últimas décadas e o enorme desejo humano de se verem projetos megalomaníacos seguirem adiante sem nenhuma responsabilidade, sem nenhuma precaução, sem nenhuma fiscalização. A tão sonhada sociedade ocidental comercial foi traída sob muitos aspectos e justamente por aquilo que os humanos haviam julgado terem dominado tão bem, só que isso foi uma cruel ilusão do momento; por outras palavras, acreditou-se demais nos vendedores de ilusão, nas “máquinas inteligentes”, no laço provisório e fraco do mercado.

            Bioeticamente, secas, incêndios e enchentes, estão aí fazendo parte do nosso dia, quer queiramos, quer não, mas isso não preocupa o clima, pois ele está acima de nós, acima da nossa covardia em querer fazer algo para melhorarmos a situação humana e extra-humana, tudo muda tendo um desses três elementos (secas, incêndios e cheias) rondando nossas vidas de perto, são situações avassaladoras, diante deles somos apenas e tão somente servos inúteis de um progresso que nos trouxe desencanto e fadiga como moeda de troca. Esses três elementos agora presentes em nossas vidas, podem quebrar a sociedade de um momento para o outro, combatê-los com achismos e modismos da hora mais incerta que estamos vivendo, terá um efeito muito pouco promissor, ou seja, teremos que ser mais radicais em nossas escolhas, sermos mais humanos e bem menos máquinas.  

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