Dom Edgar Xavier Ertl*
O Ano Vocacional (2022-2023), em curso na Igreja do Brasil, tem o objetivo de promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus. Definimos vocação como o chamado de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana. Outras características da vocação: É um gesto gracioso de Deus que visa a plena humanização do homem e da mulher. É dom, é graça, é eleição cuidadosa, visando a construção do Reino de Deus. É um chamado para fazer algo, para cumprir uma missão específica. Todo chamado tem seu objeto conhecido. O chamado é teológico. A resposta é teológica. Toda pessoa é vocacionada, é eleita por Deus. Deus elege por causa de alguns (comunidade) e esta eleição se manifesta no nosso dia a dia. A mensagem do Evangelho a um convite contínuo a seguir Jesus Cristo: “Vem e segue-me” (cf. Mt 9,9; Mc 8,34; Lc 18,22; Jo 8,12). Em tese, a vocação é um chamado, como um convite pessoal dirigido por Deus a uma pessoa.
Distinguindo
Para compreendermos em profundidade o significado da vocação, precisamos fazer a distinção entre: Vocação fundamental e vocação específica. A vocação fundamental entendemo-la o chamado de cada pessoa: à vida, a ser filho de Deus, a ser cristão, a ser Igreja, alguém que doa sua vida por causas nobres na família, na sociedade, na cultura, na arte, na educação e tantas outras opções fundamentais. Pela revelação sabemos que todos os homens e mulheres foram chamados por Deus à santidade (cf. Gn 1,26; 2,7; 1Pd 1,15-16). É um chamado que desenvolvemos plenamente com todas as nossas potencialidades. Todas as vocações específicas derivam desta vocação fundamental. Pelo Batismo todos fomos chamados a viver a santidade. Por outro lado, na vocação específica são definidas de maneira própria de como cada pessoa realiza a sua vocação fundamental, como leigos/as, diáconos, presbíteros e vida consagrada/religiosa.
Jesus Cristo, o “vocacionado por excelência”
Há uma só vocação, que vem de Cristo, convocado e convocante. A vocação específica-se em vários graus correspondentes aos diversos momentos existências da experiência cristã. E estas experiências têm em Cristo sua fonte, seu sentido, sua referência e unidade. Jesus convida a segui-lo, cada um da própria situação em que se encontra. Vinde comigo (cf. Mc 1,17). Pede confiança nele (cf. Mc 2,14). Confiança plena em sua pessoa e não a uma causa. A resposta obediente deve ser vivida no abandono do lugar do trabalho, do status, da casa, da família. Não se trata só de adesão interna, mas de unir-se a ele em seu projeto de vida. Chama Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar. O centro da eleição é para que estivessem com ele. Não é pura adesão intelectual, mas adesão ao seu modo de viver. Os discípulos prolongam a presença e a obra de Jesus. A escolha de um estado de vida na Igreja é a encarnação concreta da vocação fundamental. Deus chama através de mediações, não se trata de uma vocação nova, mas o desenvolvimento da vocação fundamental. O chamado é algo original.
Maria, intercessora das vocações!
Enfim, rezemos pelas vocações sacerdotais, religiosas/consagradas e leigas para que cultivem em seus ambientes uma cultura vocacional, em que todos se conscientizem de que são chamados pela graça divina para a missão evangelizadora na Igreja de Palmas-Francisco Beltrão. Que tenhamos um excelente “Mês Vocacional” – agosto – sob a proteção especial de Maria, “Mãe, Mestra e Discípula Missionária, aquela que nos ensina a ouvir o Evangelho da Vocação e a responder com alegria”.
*Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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