Dirceu Antonio Ruaro
Amigos leitores, enfim o início do ano letivo pode ser colocado em prática, em todos os estados e municípios brasileiros. Todas as redes de ensino, especialmente da educação básica já estão em pleno trabalho pedagógico.
Gosto de pensar que, apesar dos pesares, cabe a todos nós, pais, professores, escolas e alunos a ideia da necessidade de “dar a volta por cima”, isso é, estamos de volta e precisamos agora, mais do que nunca, envidar todos os esforços para reiniciar a caminhada parcialmente interrompida em 2020.
Mesmo com o agravamento da pandemia da Covid-19 com a evolução do número de infectados pela variante “ômicron”, a decisão de retomar o ensino presencial, tem gerado dúvidas e preocupação em muitas pessoas.
É evidente que todos estamos preocupados com a segurança dos alunos, até porque a vacinação em crianças, ainda é incipiente, e os da educação infantil, na sua maioria, não estão contemplados. E, ainda, a cobertura vacina das crianças de cinco a onze anos é muito baixa.
Por isso mesmo, as escolas em todos os níveis e todas as redes precisam estar atentas, mais do que nunca, às estratégias de segurança sanitária, pontuando as ações necessárias que cada criança cumpra a fim de prevenir casos e garantir a sua segurança e dos demais colegas.
Nunca é demais repetir que os pais, os professores e as escolas precisam se atentar a detalhes como o aparecimento de qualquer sintoma e, em casos positivos garantir o isolamento da criança (s) caso teste (m) positivo. A vigilância da escola é fundamental, nesse sentido. A contribuição dos pais, então, é fundamental.
Muitos pais têm se manifestado dizendo que deveria ser aguardado até se completar o esquema vacinal para a volta às aulas presenciais obrigatórias. Porém, isso, não é necessário, na opinião de muitos especialistas, que dizem que a espera só deve ocorrer em casos de comorbidades ou por recomendação médica.
Sabemos dos prejuízos causados pela pandemia ao desenvolvimento de crianças da educação infantil e dos anos inicias, especialmente. Nos últimos dois anos letivos houve uma privação do desenvolvimento e aprendizagem na escola como nunca antes ocorrido, é verdade. Mas houve, também, como nunca antes visto, uma mobilização das escolas, professores e pais em favor do desenvolvimento das crianças e, por parte das escolas, especialmente, uma mobilização muito grande para garantir pelo menos alguma aprendizagem naquele período mais sombrio da pandemia.
É louvável o esforço de pais, professores, alunos e escolas para, de alguma forma, garantir um pouco de aprendizagem, desde o início da pandemia, fazendo com que todos se mobilizassem para, de alguma forma, encontrar caminhos para ensinar e fazer aprender.
É lógico que o reinício pleno das atividades pedagógicas tem trazido à tona, toda a defasagem de aprendizagem a que nossas crianças foram submetidas, e em especial às que estavam no processo de alfabetização.
Por isso, muito mais de “mitigar” ou suavizar as “perdas” e aprendizagem, é necessário e urgente, a partir de um diagnóstico sério e comprometido, colocar nossos alunos da educação básica, especialmente, (desde a creche até o ensino médio), de volta às suas jornadas de aprendizagem.
Em outras palavras, é preciso ensinar nossos alunos a “dar a volta por cima” e, mais do que isso, ensinar a se “reprogramarem” , a voltar a aprender, a voltar a se dedicar ao estudo, e que aprendam a priorizar o estudo em suas vidas.
Cabe, não só aos professores e às escolas essa tarefa. Ensinar a “dar a volta por cima” é tarefa intransferível dos pais que precisam, nesse momento, reforçar os vínculos com o estudo, mostrando, acompanhando, apoiando e vigilantes, ser exemplo para que os filhos possam, não só retornar às aulas presenciais, como também assumam, o estudo como seu trabalho e obrigação.
Como educador, penso que é dever dos pais, especialmente deles, apoiados pelas escolas e professores, ensinarem seus filhos “a dar volta por cima”, voltando a estudar, a se dedicar, a conviver e aprender que é vital para o processo de desenvolvimento do conhecimento, a presencialidade pois só ela é capaz de proporcionar as vivências de aprendizagem que são próprias do ambiente escolar.
Cabe, com certeza absoluta, aos pais que continuem orientando seus filhos explicando que é imprescindível que todas as recomendações sanitárias, todos os protocolos adotados pela escola – como o uso de máscaras durante todo o período de aula, distanciamento, isolamento, vacinação de crianças, jovens e adultos- sejam respeitados e seguidos para que toda a comunidade escolar esteja, de alguma forma, protegida.
Já disse aqui que, às vezes me sinto como que “sobrevivente de uma guerra’, de uma guerra terrível, contra o mais devastador dos inimigos, e por isso mesmo, como sobrevivente, é preciso aprender a “dar a volta por cima” e valorizar a escola, o conhecimento, a ciência e a vida, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
Doutor em Educação pela UNICAMP, psicopedagogo clínico-institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER