Um novo capítulo do automobilismo brasileiro está em andamento. Nesta sexta-feira e sábado (4 e 5/8), no Autódromo Velocitta, a Stock Car Pro Series apresentou o novo carro que será utilizado pelas mais profissionais equipes e pilotos do país, como Rubens Barrichello, Felipe Massa, Nelsinho Piquet, Ricardo Zonta, Gabriel Casagrande, Thiago Camilo, Cacá Bueno, Daniel Serra, entre outras tantas estrelas do grid. Considerado um dos pilares do processo de transformação que o principal campeonato da América Latina vem promovendo, o modelo Audace SNG01 reúne tecnologia de ponta de várias empresas líderes em seus segmentos para compor o carro de corridas mais moderno já concebido na história do esporte no Brasil.
Utilizando elementos como o primeiro aço pesquisado e fabricado especificamente para um carro de competição, inovações inéditas em conectividade e captação e gestão de dados, foco no desempenho e segurança, além de outros atributos tecnologicamente avançados, o Audace SNG01 é um projeto criado para levar o nível de competitividade da Stock Car a um patamar ainda mais radical.
Referência mundial em termos de competitividade por colocar rotineiramente mais de 25 carros em menos de meio segundo, a Stock Car passa a se posicionar também como um novo padrão de tecnologia entre campeonatos nacionais do esporte. Os avanços promovidos pelo novo modelo levaram em consideração objetivos tecnicamente ousados, resultando em um bólido muito mais veloz, estável, seguro e também de menor custo na competição.
Entre os vários destaques está a ampla conectividade fornecida pelo sistema Qualcomm Snapdragon, que também oferece enorme capacidade de sensorização de diversos sistemas do veículo; o chassi produzido com aço especialmente desenvolvido pela ArcelorMittal; o câmbio Xtrac, utilizado em alguns dos carros mais velozes do mundo, e um sistema de suspensão que permite uma dirigibilidade espetacular, capaz de desafiar os melhores pilotos do mundo.
“Este carro é um divisor de águas na nossa história. Muita pesquisa e tecnologia foram empregadas para que tenhamos o carro mais seguro, performático e tecnológico na nossa história. Ele vai levar muito mais emoção, não só para os pilotos, mas também aos nossos fãs”. destaca Fernando Julianelli, CEO da Vicar, promotora da Stock Car. “Ele chega para revolucionar a Stock Car e, com isso, trazer novas metas para os demais atores do automobilismo brasileiro. A Stock, que já era um exemplo seguido por todos, agora eleva a barra, indicando qual é o futuro do nosso automobilismo. Nós e nossos parceiros, como a ArcelorMittal e a Qualcomm, estamos muito orgulhosos do que estamos realizando”, completou.
Ficha-Técnica Audace SNG01
Motor: Audacetech Chevrolet ou Audacetech Toyota
Especificação: quatro cilindros, 2,1 litros, turboalimentado, 16 válvulas e injeção eletrônica, 500 cv (7.600 rpm). Torque 580 Nm (de 4.000 a 6.800 rpm). RPM máximo: 7.600
Eletrônica: Motec e Fueltech
Painel: Fueltech FT700 Plus
Peso: 1.100kg (2kg por cv)
Câmbio: XTrac P1529, sequencial e semiautomático, seis marchas, é acionado pelo piloto, mas o mecanismo gerencia o engate. Trocas acionadas por borboletas no volante. Tração traseira
Suspensão: independente nas quatro rodas. Triângulos sobrepostos (“duplo A”). Sistema pushrod. Amortecedores reguláveis de competição
Amortecedores: Penske Racing
Conectividade: Qualcomm Snapdragon 5G, com sensorização de diversas funções do carro
Visibilidade: câmeras integradas ao chassi com visão dianteira e traseira, além de câmera 360 graus interna. As duas primeiras disponíveis no display do piloto. As três usadas em transmissão de prova e app
Aerodinâmica: carenagem a definir. DRS, asa móvel em fibra de carbono
Projeto: Audacetech, ArcelorMittal, IPT e SENAI
Carroceria: Chevrolet e Toyota, material compósito (incluindo fibra de Carbono, fibra de Vidro, aramida e kevlar), simulações e testes. Fabricação Rallc
Chassi: tubos DP980R da família de Aços Avançados de Alta Resistência, chancela IPT. Homologação CBA
Entreeixos: 2.750 mm
Freios, dianteiros e traseiros: discos ventilados, com pastilhas Fras-le e pinças de competição AP Racing. Seis pistões na dianteira e quatro na traseira
Direção: sistema pinhão/cremalheira, acionamento elétrico
Simulação computacional: IPT e Siemens
Fabricação e prototipagem: ESPAS e Audacetech
Elementos de competição (motor e suspensão): MTR
Volante: Grid Engineering, modelo Stock Car
Rodas: Mangels, liga leve, medidas 11,5 x 18 polegadas (diâmetro x largura)
Pneus: Hankook medidas 300-680×18 Hankook
Combustível: etanol
Tanque: instalado em cofre de fibra de carbono, é um contêiner de borracha deformável e resistente desenvolvido especialmente para competição, seguindo a classificação standard FT3 da FIA. Válvula de segurança anticapotagem e capacidade ajustável
Segurança: estrutura tubular em aço DP980R ArcelorMittal, proteção antichama por paredes corta-fogo com chapas de alumínio e revestimento resistente ao calor, estruturas do tipo crash box na dianteira e traseira em alumínio para absorção de impacto. Estruturas laterais em carbono, kevlar e aramida para absorção de impacto e dissipação de energia. Banco do piloto projetado e fabricado nos EUA com certificação FIA
Declarações de representantes das empresas envolvidas no projeto
Fernando Julianelli, CEO da Vicar: “O carro atual foi concebido há cerca de 14 anos. Nos últimos anos foram acontecendo evoluções na carroceria. Mas, no aspecto da tecnologia, ele ficou um tanto parado no tempo. Quando começamos o processo de transformação da categoria — e obviamente o carro é uma das estrelas, junto com os pilotos e as equipes —, a gente precisava evoluir nesse aspecto. A Audacetech buscou centralizar toda a parte de projeto do carro, obviamente com parceiros de qualidade, controle de preços — para que as equipes não tenham surpresas quanto a isso —, controle de qualidade, com padronização em cima da produção dos carros, uma vez que o grande trunfo mundial da Stock Car é competitividade, e não podemos perder nosso principal asset, que é colocar quase todos os carros no mesmo segundo. Então a busca é garantir que todos os carros saiam 100% para podermos dar todas as condições a todos os pilotos e equipes. Como novidade, vamos ter, além do push-to-pass, a asa móvel. Obviamente que, do lado dos pilotos e das equipes, significa performance; do lado do promotor e do fã, significa muito mais emoção nas corridas. Um outro ponto de inovação que estamos fazendo no negócio é que a Audacetech está fazendo todos os carros, e ao invés de vendê-los para as equipes, eles serão locados, em solução Ready to Race, onde as equipes não se preocupam em ficar desenvolvendo e na tentativa individual de performar. O carro é muito mais padronizado e controlado.”
Lincoln Oliveira, controlador do Grupo Veloci: “Esse novo modelo está sendo projetado com para aumentar a facilidade de manutenção dos carros e governança de regulamento. É mais leve e foi desenhado para ser um carro de corrida, não tem nenhuma adaptação. Desde suspensão, chassi, a forma de se projetar um carro dentro da pista.”
Enzo Bortoleto, CEO da Audacetech: “Olhamos muito no modelo de ser uma montadora de carros de corrida, buscando parceiros especialistas em todas as áreas: o melhor em usinagem e em material compósito, por exemplo. E o mais bacana de trazer todas essas empresas é participar de um projeto nacional.”
José Roberto Avallone, diretor-técnico da Audacetech: “Hoje conheço as dores de todos os lados: do promotor, de quem produz o carro e, principalmente, da equipe. Temos o foco muito grande de que seja um carro mais simples, mais durável, mais fácil para o mecânico atuar. Tudo isso está sendo muito bem testado e muito bem pensado. Esperamos que seja muito à frente daquilo que eles têm hoje. Um dos predicados é que se trata de um carro muito mais leve, e se estudou um modelo muito mais rígido que o atual.”
Fabio Birolini, engenheiro da Audacetech: “Esse carro nasceu com uma série de premissas: ser um carro mais leve, mais rápido, de melhor manutenção, habitabilidade melhor. Tudo isso fez com que a gente pesquisasse e buscasse uma série de inovações, dados, comparações, e fazer um benchmark muito grande com outros carros que já existem hoje no mercado.”
Alessandro Guimarães, gerente técnico IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas): “O rigor científico que trazemos para dentro do projeto reúne estabelecimento de procedimentos-padrões, procedimentos de caracterizações e simulação computacional. Esse arcabouço técnico é um grande incremento para a categoria em termos de tecnologia, confiabilidade e, principalmente, segurança. O IPT entra também com um pacote de componentes de materiais compósitos, em substituição a materiais metálicos, trazendo ganho em termos de leveza e segurança.”
Sérgio Akamine, gerente comercial da ESPAS Brasil: “O DNA da nossa empresa é no desenvolvimento de protótipos. No Japão trabalhamos bastante com a Honda Quatro Rodas e Honda Duas Rodas. Trabalhamos inclusive na Fórmula 1, e o desenvolvimento de novos modelos da Honda, inclusive modelos de competição, passam pela nossa empresa. Optamos pelo processo robotizado porque isso vai nos garantir a repetibilidade em todos os subconjuntos. Teremos a constância nesse processo de solda, onde fazemos todos os testes de penetração do material para garantir que todos os conjuntos estejam no mesmo nível técnico. A partir de então, começamos toda a armação da carroçaria, onde, depois, toda ela será medida no tridimensional, quando faremos a medição de todos os pick-ups para termos a certeza da repetibilidade e estabilidade da carroçaria.”
Marcelo Toss, CEO da MTR: “A MTR é uma empresa dedicada 100% à produção de componentes para automóveis de competição, sendo uma das únicas deste segmento no Brasil. Dentro deste novo projeto, temos componentes de motor, partes do chassi, alguns componentes de suspensão, e estamos usando matérias-primas das mais modernas possíveis e dos melhores níveis, equipamentos e maquinários de última geração. Na realidade, é um movimento de uma indústria inteira somente para atender a esse novo projeto da Stock Car.”
Brandon Cawker, fundador da Grid Engineering: “Tudo neste volante foi especificado de acordo com suas solicitações, como a largura do volante, número de botões, os tipos e a quantidade de rotações dentro dos switches rotativos. Na parte frontal [do volante], há uma tela de LCD de 4,3 polegadas. Trabalhamos com a Stock Car e projetamos um painel completo para este volante. Existem cerca de seis ou sete páginas diferentes, incluindo uma página para mecânicos, uma de classificação, uma de corrida e outras para visualizar dados como informações de combustível e pneus. Todos os botões do volante têm retroiluminação RGB, ou seja, eles têm luz de fundo colorida, assim como alguns elementos rotativos. Essencialmente, tudo dentro desse volante foi desenvolvido e projetado pela Grid Engineering.”
Anderson Dick, fundador da FuelTech: “A FuelTech é uma empresa 100% brasileira. Temos todo o nosso desenvolvimento no Brasil. Hoje temos uma posição mundialmente de destaque, e nossa tecnologia está sendo reconhecida como uma das mais atuais do mercado. Nosso DNA é de tecnologia, inovação, novidade, de fazer coisas diferentes, exatamente como a Stock Car está hoje se posicionando. Casou muito bem com o desenvolvimento dessa nova plataforma, a FT700, que é um produto que tem não somente a última tecnologia em processamento e capacidade de análise de dados, mas ela tem também a última tecnologia em multimídia com integração de câmeras, integração de microfones, conectividade 5G com a organização e as próprias equipes, telemetria, análise de dados… Tudo muito customizável e avançado. A Stock Car no Brasil vai ser, de certa maneira, uma precursora do uso de tecnologias tão integradas. E vai dar um orgulho para todos. Será uma referência mundial de tecnologia.”
Luiz Tonis, presidente Qualcomm América Latina: “Prezamos pela qualidade, performance e experiência. Temos no nosso DNA trazer performance e tecnologia. E vamos trazer para esse carro novo a conectividade 5G, sua sensorização, e será um dos primeiros carros com T-Câmera conectada com 5G, de alta definição, de 4K — no futuro, 8K.”
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