Dirceu Antonio Ruaro*
As relações interpessoais nas escolas, sejam elas públicas ou privadas, tem enfrentando práticas múltiplas de violências interpessoais que, muitíssimas vezes acabam, sendo naturalizadas no cotidiano dos escolares.
No ambiente escolar, as relações interpessoais se referem ao relacionamento que cada figura da instituição tece com outras. Sendo assim, abrange a relação das famílias com a escola, da comunidade com a escola, de um funcionário com o outro, dos alunos entre si e, principalmente, do professor com o aluno.
Observa-se, muitas vezes que, há certa “impotência” por parte de professores, alunos, núcleo diretivo e outros profissionais, em torno de um ambiente que necessita de “reconstrução” de atitudes fraternas para que a convivência seja mais humana, leal, formadora, ética e responsável.
Parece que as relações sociais estão tão deterioradas que o aviso que os pais davam aos filhos antigamente “cuidado, há perigo na esquina”, hoje se traduzem “cuidado, há perigo nas relações interpessoais na escola”.
Apesar dos esforços de grande parte de gestores, professores e pais de alunos, devido a uma rede complexa de interferências internas e externas, criar um clima escolar de respeito pelo outro, marcado por valores como a amizade, não é tarefa simples.
A questão das relações interpessoais na escola está indissociavelmente conectado à realização das necessidades educativas fundamentais do desenvolvimento pessoal e intelectual de cada aluno. Isso porque a função social e educativa da escola não se reduz ao mero fornecimento de informações, pois requer a formação integral do sujeito na sua dupla dimensão − inseparáveis entre si −, a individual e a social.
Quando consideramos a violência escolar como questão interna do próprio ambiente escolar, temos registros de cenas de desrespeito e a transformação dos insultos verbais e das ameaças em agressões físicas, tornando-se habituais e atingem, sem privilégio, tanto o espaço público como o privado.
Repete-se a violência que tem causas múltiplas e que se traduz pela negação do outro e sua exclusão, pela intolerância ao diferente, pela violação dos direitos humanos.
Atualmente, é um dos maiores desafios para a gestão escolar, devido a sua complexidade e recorrência. Quase que semanalmente, os noticiários trazem em destaque casos de violência em escolas, sejam violências internas ou externas envolvendo alunos, professores, famílias, autoridades e comunidade em geral.
Até pouco tempo atrás a preocupação da escola (de seus gestores) era lidar com a violência no contexto externo, marcado pela presença de galeras em que o envolvimento de alunos era recorrente. Ou ainda, os casos, não raros no interior das escolas, de desentendimentos, agressões verbais e brigas por “namorados” e/ou outras pequenas rixas, com origem externa.
Hoje, a situação, além de exigir a atenção interna, pede urgentemente segurança externa, e exige a colocação de grades, cercas, muros mais altos, trancas e cadeados, mas tais iniciativas têm deixado de ser eficazes. Novas medidas acabam sendo tomadas, entre elas, a contratação de seguranças ou a solicitação da ronda da Polícia Militar. E tudo isso vai até na contramão da tentativa de promover uma cultura de não violência como forma de resolução ou prevenção de conflitos.
Na carona de acontecimentos violentos envolvendo ambientes escolares, reportagens veiculadas pela mídia têm revelado o aumento dos índices da violência escolar e disseminado notícias sobre comportamentos agressivos, massacres, trotes irresponsáveis, bullying e ciberbullying, tragédias que têm, lamentável e inevitavelmente, ganhado evidência.
Portanto, relações interpessoais e mesmo intrapessoais mal resolvidas têm assombrado os ambientes escolares e desembocado em verdadeiros conflitos que nos levam a considerar todo e qualquer lugar como perigoso, inclusive a escola.
Por isso, penso que a escola, como um todo, precisa estar atenta aos movimentos de seus membros, quer sejam alunos, professores e/ou funcionários a fim de construir e manter um ambiente saudável no qual as relações sejam sempre se superação das dificuldades relacionais por meio do diálogo, nunca ignorando os sinais de mudança de comportamentos a fim de agir o mais rápido possível no sentido de evitar conflitos e dissabores maiores, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
*Dirceu Antonio Ruaro
Doutor em Educação pela UNICAMP
Psicopedagogo Clínico-Institucional
Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER
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