Há três anos a rotina de toda a população mundial mudou bruscamente devido aos casos notificados de uma pneumonia até então misteriosa nos hospitais de Wuhan, na China. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros órgãos competentes ainda não sabiam que aquele era o primeiro sinal de um novo coronavírus e que em pouco tempo causaria diversas infecções, caos, medo e assombraria diversas famílias pelo mundo com a perda de entes queridos e a preocupação por não se saber exatamente como lidar com a doença.
Tudo começou quando, em 31 de dezembro de 2019, a OMS recebeu alertas de casos de pneumonia na região central da China. A doença era causada por um novo tipo de coronavírus, uma doença até então conhecida e pouco perigosa. Porém, essa nova cepa não havia sido identificada em seres humanos até então. A identificação desse novo coronavírus foi confirmada pelas autoridades chinesas e divulgada em 7 de janeiro de 2020.
Se espalhando rapidamente por todos os continentes, o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020, na capital de São Paulo e, apenas um mês após o diagnóstico, o vírus já havia sido identificado em todos os estados do país e, inclusive, já haviam sido registrado óbitos pela doença em pelo menos oito deles.
Devido ao grau de emergência pública, a OMS decretou estado de pandemia no dia 11 de março de 2020. A partir dessa decisão, países, estados e municípios passaram a decretar lockdown e cientistas e outros profissionais da área da saúde iniciaram uma corrida contra o tempo para entender a doença e encontrar as melhores formas de defesa contra o vírus.
Foram 37 milhões de casos confirmados do novo coronavírus no Brasil durante os três anos de pandemia, com 699 mil mortes no total. No Paraná, quase três milhões de pessoas foram infectadas pela doença, enquanto 45.969 vieram a óbito.
Início
De acordo com a secretária de Saúde de Pato Branco, Lilian Brandalise, a pandemia de covid-19 foi marcada por inúmeras dificuldades para todos e afetou diretamente os profissionais da área da saúde que precisaram mudar seus comportamentos e manter distanciamento até mesmo de suas famílias, resultando em problemas emocionais como ansiedade e depressão.
O município de Pato Branco teve 29.858 casos confirmados da covid-19, com 29.526 recuperados e 328 óbitos em três anos.
“Acho que dos anos que a gente passou, o primeiro ano era tudo muito desconhecido, a tensão das pessoas, a aflição porque vieram as ondas fortes onde as pessoas adoeceram muito, foram muitas mortes, isso teve um impacto na vida de todos.”, comenta a secretária.
Impactos
Diversos setores da vida cotidiana mundial sofreram impactos ao longo dos anos de pandemia. Lilian destaca como exemplo a economia mundial e local que passou por uma crise sem precedentes. “A desigualdade aumento, com a diminuição da renda pelos fechamentos de empresas e comércios também contribui para que aumentasse a tensão no convívio familiar”, afirma, ao comentar que o município ainda vê o reflexo dessa crise também na procura por atendimento psicossocial, “tanto em adultos quanto em crianças, teve consequências para todos”.
Como ponto positivo para a população, Lilian aponta a solidariedade como marca do período. “Embora as pessoas nos relatem que houve uma piora, eu vejo de outra forma, vejo que a solidariedade foi muito grande, além de que muitos familiares se aproximaram durante o lockdown e resolveram seus conflitos”.
Saúde
A secretária destaca o trabalho de todos os profissionais da saúde e também a diferença do município e do estado perante cenários de crise. “A gente evoluiu muito, Pato Branco foi muito bem durante a pandemia e o Estado nos auxiliou muito, juntamente com a sociedade”.
Os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) alocados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi de extrema importância para o município e para os profissionais, “porque tivemos que nos organizar rapidamente, a equipe foi guerreira e de fato cumpriu com o papel de cuidar das pessoas, isso fez a diferença”.
Para não falar apenas em pontos negativos dos três anos de pandemia, Lilian aponta que os profissionais puderam acumular diversos conhecimentos frente ao desconhecido, tanto na rede pública quanto privada, pois existiam muitas dúvidas em relação ao manejo, tratamento e dificuldades perante o vírus desconhecido.
“Ao longo do tempo as equipes foram adquirindo conhecimento, experiências e os cientistas buscaram embasar esses profissionais no mundo todo, por essas gerações nunca passaram por uma situação dessas e isso fez com que a gente corresse atrás e buscasse conhecimento. Foi exaustivo e esses momentos marcaram e servem como aprendizado que todos levarão para a vida”.
O período contribuiu, ainda, para a certeza de que a vacina de fato protege contra as formas graves da covid-19, sendo considerado por Lilian como um reforço positivo, mesmo no período em que houve um forte movimento contra o imunizante e possibilitando a diminuição de casos da doença.
Futuro
Ao longo desses três anos, é difícil encontrar pessoas que não tenham suas vidas alteradas pela pandemia, seja pela morte de um familiar ou amigo, impactos nos relacionamentos, na saúde, na vida pessoal e profissional. Muitos partiram, crianças nasceram e inúmeras pessoas renasceram no período. A covid-19 proporcionou momentos de caos e outros, de calmaria. Os índices de contágio oscilaram frequentemente e, mesmo que agora estejam em um nível aceitável, o fim da pandemia ainda não foi anunciado pela OMS.
A expectativa da Secretaria de Saúde de Pato Branco para os próximos anos é aumentar o alcance vacina, considerado por Lilian como a ação principal para a diminuição dos casos, mesmo que a covid-19 deva continuar a existir e aparecer eventualmente, assim como é o caso de outras doenças respiratórias.
“Nós ainda estamos meio receosos porque a cada aumento nos casos é um susto, mas não temos outra expectativa a não ser a diminuição dos casos e aumento da cobertura vacinal”, destaca.
Medidas protetivas como o uso de máscaras, distanciamento e a higienização correta das mãos devem continuar, principalmente em pessoas com sintomas respiratórios, buscando também a proteção contra outros doenças, principalmente no período de outono e inverno, visando conter o avanço de doenças.
“Sempre estamos preocupados, a saúde pública está sempre em alerta e não apenas em relação a covid. O nosso setor de Vigilância em Saúde nos avisa, vigia os dados e acompanha a evolução das doenças”, comenta Lilian.
A secretária cita como exemplo os casos de chikungunya detectados pela Vigilância que possibilitou as devidas ações do município para realizar o bloqueio e proteger a população.
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