Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, o ritmo forte de crescimento vem se repetindo no setor desde meados do ano passado, em especial devido à essencialidade da química no dia a dia da população. Ela destaca, neste momento, a elevada procura por diferentes tipos de produtos utilizados na prevenção, no tratamento e no combate ao coronavírus.
No mercado internacional, o momento é de recuperação da demanda por produtos químicos e de um ciclo de alta no que diz respeito aos preços, puxados, em especial, pela China e pela Índia. Como os preços no Brasil acompanham as oscilações e flutuações internacionais, o resultado é que o IGP-Abiquim-Fipe, específico para as vendas realizadas no mercado doméstico, teve elevação nominal de 42,39% no acumulado de janeiro a abril de 2021.
No mesmo período, o petróleo Brent e a nafta petroquímica subiram 42,2% e 40,5%, respectivamente, no mercado internacional – valores convertidos de dólares para reais – pressionando os custos de produção interna. Segundo a Abiquim, vale destacar que o gás natural é referenciado ao Brent no mercado doméstico e vem sentindo muito esse impacto, na contramão do gás americano.
A análise das informações relativas aos últimos 12 meses encerrados em abril de 2021 mostra resultados também positivos e crescentes em relação aos doze meses imediatamente anteriores: produção cresceu 3,04% e vendas internas tiveram alta de 9,49% (com aceleração em relação aos 12 meses anteriores, cujo resultado havia sido de +3,52%). Na média dos últimos 12 meses, a utilização da capacidade instalada ficou em 72%, três pontos acima do resultado do período anterior.
Em 12 meses, apesar da melhora de três pontos porcentuais no uso das atuais instalações, o resultado representa ociosidade de quase 30%, muito alta para os padrões de produção da indústria química mundial, segundo a Abiquim.
Nesse contexto, a entidade diz que preocupa a edição da MP 1.034/2021, em tramitação na Câmara dos Deputados, que, entre outras questões, extingue o benefício de PIS/Cofins concedido à indústria química por meio do Regime Especial da Indústria Química (Reiq). A diretora da Abiquim disse que a eliminação do benefício sem a contrapartida de uma Reforma Tributária mais ampla, que realmente diminua o peso do governo sobre a indústria, trará impactos muito ruins para o setor químico.
“A extinção do Reiq no momento que o País acaba de editar a nova lei do gás, que trará muitos efeitos positivos para a química, mas não no curto prazo, também parece um contrassenso, dando uma sinalização de que mais uma vez o Brasil está na contramão do que outros países estão fazendo”, diz a Abiquim.
Comentários estão fechados.