O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão nesta sexta-feira (2) após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A saída marca a 11ª mudança na Esplanada dos Ministérios desde o início do atual governo, em janeiro de 2023.
Lupi deixa o cargo sob forte pressão pública em meio ao escândalo dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS. A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), revelou um esquema que desviou R$ 6,8 bilhões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social.
Embora a investigação não aponte envolvimento direto de Lupi, a demora em agir diante das denúncias foi amplamente criticada. Reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que o ministro teve conhecimento do caso em junho de 2023, mas demorou quase um ano para tomar providências. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, ele negou omissão e responsabilizou o então diretor de Benefícios do INSS, André Fidélis, por atrasos nas apurações.
Lupi também indicou Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS. Stefanutto foi exonerado por Lula na semana passada após decisão judicial que determinou seu afastamento. O presidente nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior para assumir o órgão e ordenou intervenção no INSS, esvaziando o poder político de Lupi.
Ministros afastados por denúncias
Com a saída de Lupi, sobe para quatro o número de ministros afastados por crises e escândalos na atual gestão. Antes dele:
- Juscelino Filho (Comunicações) deixou o cargo em abril, após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de emendas parlamentares. A investigação teve origem em reportagens do Estadão que mostraram uso de recursos para beneficiar a própria família no Maranhão.
- Gonçalves Dias (GSI) caiu após ser flagrado em imagens de segurança agindo de forma passiva durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
- Silvio Almeida (Direitos Humanos) foi exonerado após denúncias de assédio sexual, divulgadas pela ONG Me Too Brasil. Uma das vítimas seria a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial.
Mudanças por razões políticas
Lula também promoveu trocas para acomodar partidos do Centrão e fortalecer a base no Congresso. Foram substituídos:
- Daniela Carneiro (Turismo), do União Brasil, deu lugar a Celso Sabino (União-PA).
- Ana Moser (Esportes) foi trocada por André Fufuca (PP-MA), aliado de Arthur Lira, presidente da Câmara.
- Márcio França deixou a pasta de Portos e Aeroportos e assumiu o novo Ministério do Empreendedorismo. Em seu lugar, entrou Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).
Reconfiguração em 2024 e 2025
A primeira troca ministerial ocorreu ainda em 2023 com a entrada do ex-ministro do STF Ricardo Lewandowski no lugar de Flávio Dino no Ministério da Justiça. Dino foi indicado ao Supremo por Lula.
No início de 2025, Lula demitiu Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom) em razão da queda de popularidade do governo e problemas de comunicação. O marqueteiro Sidônio Palmeira assumiu a função.
Em março deste ano, mudanças atingiram também o Ministério da Saúde e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Nísia Trindade foi substituída por Alexandre Padilha, que comandava a SRI, e Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente nacional do PT, foi nomeada para articular com o Congresso. A decisão foi bem recebida por líderes governistas, mas criticada pela oposição.
Por fim, a substituição de Juscelino Filho nas Comunicações foi marcada por impasses internos no União Brasil. Após recusa de Pedro Lucas Fernandes, Lula nomeou Frederico de Siqueira Filho, com apoio de Davi Alcolumbre, Antônio Rueda e do próprio Juscelino.
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