Clima de intenso calor e chuvas pontuais durante o dia elevam o risco de novos focos de mosquito
Em meados deste ano, a população patobranquense foi surpreendida com um surto de casos de dengue que colocou todos em alerta, sem contar as centenas de pessoas que contraíram a doença e sofreram com os severos sintomas que ela pode causar. Nesta quarta-feira, 07, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) emitiu nova nota epidemiológica e alertou para o índice de infestação do mosquito.
O novo boletim semanal da dengue registra 115 novos casos da doença no Paraná. “Ao todo agora são 1.790 confirmações em 186 municípios, 23.990 notificações de dengue, 5.099 casos em investigação e três mortes (Foz do Iguaçu, Maripá e Rolândia) neste período epidemiológico”.
Estima-se que este seja o ano epidemiológico 2021/2022 com maior índice dos últimos tempos em Pato Branco. Segundo o coordenador do controle de endemias da Vigilância Sanitária de Pato Branco, Juliano Josias dos Santos, no início deste ano, o município passou por uma epidemia, registrando mais de 4 mil casos de pessoas contaminadas. “Neste período tivemos ocorrência do vírus e do Aedes aegypti circulando em todos os bairros da cidade”.
Riscos do verão
O clima atual é propício para a proliferação do mosquito da dengue e por este motivo, tanto Estado, quando Município reforçam a ideia de que não é possível descuidar da limpeza para o controle da proliferação de mosquitos e, consequentemente, da doença.
O 6º Informe Entomológico da SESA reforça a ideia de que com o trabalho preventivo, sendo realizado adequadamente por todos, é possível manter o município em uma situação de segurança. “Mais de 70% dos criadouros são passíveis de eliminação, como vasos de plantas, pneus e lixo”. Logo, é preciso manter todas as ações de cuidado por parte da população além de intensificar os serviços de limpeza urbana e destinação de resíduos.
O coordenador Juliano destacou que a Administração Municipal realiza ações preventivas durante todo o ano, seja através dos mutirões de limpeza ou pelo trabalho de conscientização realizados nas escolas ou diretamente nas residências pelas agentes de endemias. “Investimos muito esforço nesta parte de conscientização, porque é onde dá mais resultado, e ressaltamos, a população precisa estar consciente e fazer a sua parte, principalmente nas práticas que sempre gostamos de destacar que são: manter as caixas d’água tampadas, sempre estar olhando o dispenser da geladeira para ver se não tem acúmulo de água, banheiros de residências em ralos que não são utilizados, calhas, vasos e potes, enfim, tudo que pode acumular água deve ser monitorado para que isso não aconteça”.
Colaboração de todos
Um dado mencionado pela Vigilância Sanitária diz respeito ao grande índice de residências fechadas e pessoas resistentes a realização da vistoria. “Nós teríamos que ter aproximadamente 20% de locais fechados, mas nesse último ciclo chegou a quase 40%, então recomendamos que as pessoas nos procurem para pegar orientações, sanar dúvidas e também para fazer um agendamento de data e horário para que a vistoria seja realizada. Então, assim, a gente precisa muito da colaboração da população para pelo menos amenizar a situação atual”, disse Santos.
O coordenador concluiu lembrando que “depois que se instala uma epidemia em um município é muito difícil dela sair, então a participação da nossa população é o principal fator para que não venha a ocorrer uma nova epidemia em nosso município”.
Em caso de denúncias, é possível entrar em contato pelo Fala Cidadão (156), onde o proprietário da residência ou terreno em questão receberá notificação para que seja feita a limpeza. Embasado na Lei nº 4.049 de 2023, o proprietário tem 8 dias para regularizar a situação, contados desde a data de notificação. Se por ventura não for promovida a limpeza, a prefeitura fará e a cobrança é enviada junto ao IPTU. “Neste ano, o município realizou mais de 38 notificações que resultaram em multas”.
Atenção ao perigo
Atualmente Pato Branco registra 0.3% de infestação larvária, o que significa que está abaixo da margem de risco que seria superior a 1%. “Mas nós não podemos nos enganar, justamente pelo início do aumento das temperaturas e pela ocorrência de chuvas. Sabemos que nestas condições climáticas é possível que este índice aumente as ocorrências de mosquitos e larvas”, afirmou.
Algo importante que deve ser observado está relacionado a resistência dos ovos do mosquito que podem permanecer por um longo período vivos colados em superfícies sem água. “Os criadouros devem ser sempre removidos, isso porque o mosquito identifica até isso. Quando tem uma seca, ele identifica um local que ele sabe que vai chover, e vai lá e deposita os ovos ali, e, sabendo que esse ovo pode ficar até 1 ano e meio colado na superfície e em contato com água em uma temperatura de 20°C, os ovos vão eclodir e vai nascer mosquitos”, salientou.
Preocupação de todos
A doença é grave e pode até matar e, a gravidade dos sintomas levam a comunidade a se mobilizar também no que tange as questões preventivas. Nesta semana, conversamos com o Armando Roberti, morador do bairro Jardim Primavera que pegou há alguns meses a doença.
Ele relatou que, depois de sofrer muito com os sintomas, teve a iniciativa de procurar o Diário do Sudoeste para alertar o restante da população sobre as mazelas causadas pela dengue. “Foi uma semana de muita dor e febre. É incrível, se facilitar essa doença mata mesmo. Esse bicho chega de traição, as pessoas não podem bobar, tem que cuidar”.
A doença, transmitida pela picada de um mosquito Aedes aegypti infectado com um dos quatro sorotipos do vírus da dengue, pode ser assintomática, ou causar sintomas como febre que vai de baixa a febre alta incapacitante, fortes dores de cabeça, dores atrás dos olhos, e dores intensas no corpo e nas articulações, além de erupções cutâneas. Em casos mais graves, a doença pode progredir levando a choque, falta de ar, sangramento intenso e/ou complicações graves nos órgãos.
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