Um caminho a seguir, na avaliação de Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM, é o das redes sociais. “Existe um trabalho a ser feito pelos atletas para que eles encontrem formas nas redes sociais de se manterem ativos, mesmo que seja com menos luz ou atenção no período entre as Olimpíadas. E não somente uma vez a cada quatro anos, no caso dos esportes olímpicos”, explica o especialista ao Estadão.
Para ele, os esportistas devem usar as redes sociais como “ferramenta de contar histórias e conectar pessoas”. E cita como bons exemplos a skatista Rayssa Leal, medalhista de prata, o jogador Douglas, da seleção de vôlei, e Italo Ferreira, primeiro campeão olímpico da história do surfe. “Ele tem feito um ótimo trabalho de contar muito bem as suas histórias, de mostrar o ser humano por trás do atleta. Isso humaniza, aproxima as pessoas, conecta e faz com que todo mundo se encante com a história deste brasileiro. A Olimpíada é muito sobre histórias que ficam para sempre, muito mais do que os resultados.”
Martinho destaca que algumas ferramentas das redes, como os “stories” do Instagram, oferecem conteúdo que nenhuma mídia tradicional consegue levar aos seguidores. “Atletas e jornalistas em Tóquio filmaram bastidores que a TV não pega. São histórias que geram interesse ao público. Só as redes sociais são capazes de oferecer isso. O que pode ser mais próximo do que um Story? Melhor que isso só se você estiver lá no lugar.”
Ele acredita que as redes sociais, em conjunto com trabalhos de assessoria de imprensa e relações públicas, podem tornar o atleta menos refém do que chamou de “certo oportunismo das empresas” que investem nos esportes olímpicos somente a cada quatro anos.
“Existe um certo oportunismo de investir somente dois meses antes de começar a Olimpíada. O atleta não se faz em dois meses, se faz em anos de dedicação. Passou um mês, esqueceu as conquistas, como aconteceu com o Thiago Braz. Até esses dias era o atual campeão olímpico (do salto com vara), mas não tinha dinheiro para viajar. Quase deixou de competir por falta de apoio financeiro. E agora, depois de conquistar o bronze, recebe elogios de vários executivos de empresa, com posts emocionados nas redes sociais”, criticou.
Para evitar essas distorções no apoio aos esportes olímpicos, ele sugere uma “composição” entre as duas partes. “Os atletas precisam entender que, para se tornarem atrativos e interessantes para as marcas, precisam ser mais do que atletas, mais do que o resultado dentro da competição, mostrando suas histórias por meio das redes sociais”, afirmou.
“E do lado das marcas, poderia existir esta confiança de que para um atleta olímpico não cai do céu. Leva anos para se formar e eles precisam deste apoio duradouro. Os executivos poderiam tentar descobrir quem poderá ser o medalhista em 2024 para fazer esse apoio agora e não daqui a três anos. Vai custar pouco para a empresa, mas pode valer muito. E será muito mais genuíno do que patrocinar só depois que o atleta já tiver conquistado a medalha”, opinou.
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