Desde 2019, a gestão Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas no Brasil e no exterior pela explosão de queimadas e do desmatamento na região. Para combater crimes ambientais, o governo tem apostado em operações militares, mas os registros de perda vegetal continuam altos.
O Deter é um sistema de monitoramento por satélite em tempo real, voltado para alertar a fiscalização a combater crimes ambientais que estão acontecendo em campo. Não serve como taxa oficial de desmatamento, mas é um bom termômetro da situação. A tendência por ele apontada normalmente é confirmada depois pelo Prodes, que traz os dados anuais oficiais de desmatamento.
Faltam apenas os dados de julho para fechar o período da taxa anual oficial de desmatamento. O Prodes sempre mede o que foi perdido na floresta entre agosto de um ano e julho do ano anterior.
Os alertas de desmatamento até junho para a Amazônia apontam um crescimento de 17% em relação ao primeiro semestre de 2020, com uma área de 3.610 km² desmatada em 2021, ante 3.078 km² no primeiro semestre de 2020, segundo dados do site Terrabrasilis, do Inpe.
A Amazônia está na estação seca, justamente o período em que o desmatamento se intensifica. Dados também do Inpe já mostraram alta nos focos de incêndio na região: 2.308 em junho, maior número para o mês desde 2007. A maior parte das queimadas (66,5%) foi em Mato Grosso, seguido por Pará (18,4%) e Rondônia (5,7%). As terras indígenas da região, que são áreas protegidas, tiveram 110 ocorrências de incêndio.
No fim do mês passado, o governo Jair Bolsonaro anunciou uma nova atuação de militares na Amazônia, com prazo até o fim de agosto. A medida, no modelo de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), vale para terras indígenas, unidades federais de conservação ambiental em áreas de propriedade ou que estão sob posse da União, e, se pedido pelos governadores, em outras áreas dos Estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia.
Nesta semana, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que cerca de 3 mil militares das Forças Armadas serão deslocados para atuar em ações de apoio e combate ao desmatamento. Ele chegou a afirmar que, quando os militares deixaram a Amazônia no fim de abril, houve aumento do desmatamento. Naturalmente, porém, com o fim das chuvas em muitas regiões, ocorre o avanço dos criminosos sobre as áreas protegidas.
Especialistas fazem ressalvas quanto ao uso das tropas na região, uma vez que elas não têm a mesma expertise dos agentes ambientais no combate ao desmatamento e às queimadas. Também houve críticas à divulgação prévia das localidades onde os militares vão atuar – essa informação pode ajudar os desmatadores a desviar das operações militares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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