Empresário faleceu aos 73 anos, em Salvador, na Bahia, durante viagem familiar. Para os amigos, Seu Cláudio como era conhecido, deixa legado de altruísmo, visão empreendedora e simplicidade na forma de viver
O sol já estava se pondo quando o corpo de Cláudio Petrycoski foi sepultado. Pato Branco se despediu do empresário durante toda a sexta-feira (25), no Clube Pinheiros, palco de homenagens e um dos locais que ele mais frequentava. Por volta das 17 horas, o cortejo com o corpo seguiu a Avenida Tupi até o Cemitério do bairro Bortot, carregado pelo Corpo de Bombeiros, sob a despedida de amigos, os de perto e de longe e coberto pela bandeira do município qual ele dedicou sua vida, Pato Branco.
Filhos e familiares tiveram o dia para se despedir daquele que segundo o filho, Heráclito, que falou em seu nome e dos irmãos, “foi um exemplo de Pai”. Emocionado, ele utilizou de poucas palavras para descrever os sentimentos e ao mesmo tempo, homenagear a versão que muitos não conheciam, o Cláudio Pai.
Ao agradecer o carinho de todos, lembrou que o empresário era inverso a protocolos e discursos, e sempre que podia através de seu bom humor, “tirava sarro e contava piadas, especialmente para aqueles mais sérios”, comentou. Ao lembrar da infância, período que segundo ele é o mais marcante do seu relacionamento paterno, citou os momentos de baralho e canastra, jogos de futebol, cabra cega e gengiskan. Heráclito aproveitou para explicar o porquê seu Cláudio foi para Bahia. “Para comemorar os 70 anos dele nós fizemos uma viagem, e foi uma das melhores viagens da nossa vida. Fizemos de tudo que nós gostávamos de fazer, coisas simples. E já era certo que quando a mãe fizesse 70 anos faríamos outra igual. E foi essa viagem que fizemos agora para Bahia”. Ainda falando sobre os momentos memoráveis, o filho agradeceu ao pai por escolher os últimos dias de sua vida para passar com a família – que tanto o dividiu com os compromissos profissionais e sociais – para fazer o que eles [família] mais gostavam: “coisas simples”. Ao terminar sua comovida fala, já com a voz embargada, o filho destacou as marcas daquele que marcou a vida de muitos. “Hoje se vai uma lenda, forjada com que há de melhor nos homens. Princípios, exemplos e atitudes, figura pública inabalável, que despertava as mais sinceras admirações por onde passava. Amigo da sociedade, incentivador de boas ideias, e patrocinador do mundo. Você sempre foi o nosso maior exemplo Pai”.
Influências
A expressão do profissional muitas vezes era sobreposta pela imagem do homem. Assim foi com as pessoas que trabalharam com Cláudio, como o ex-presidente do Sindimetal Evandro Neri, que contou em entrevista ao Diário do Sudoeste, sobre a influência profissional do industrial. “Eu tenho certeza de que várias gerações construíram alguma coisa, tem uma inspiração na vida do Cláudio. Ele tinha muito disso, de escolher pessoas – ou as pessoas se identificar com o que ele pensava – e formar empresas, profissionalmente, então nós temos uma família enorme de empresários que são crias do Cláudio, e nas instituições, ele nos pegava pelo braço, mostrava o que era e nos engajava nisso”, afirmou Neri.
Outro amigo que marcou presença na despedida foi o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, que dedica o fato de ter chegado à presidência da instituição ao amigo. “Ele não está desaparecendo, saindo ou se despedindo. Ele tem um legado, uma marca e isso aqui vai ficar gravado em nossa memória.” Ao lembrar dos feitos, Edson qualificou à Cláudio a responsabilidade de trazer a industrialização profissional ao sudoeste do Paraná, “a ponto de abrir mão da gestão de sua empresa, sabendo que, aqueles que estavam como profissionais, poderiam fazer uma gestão melhor do que ele fazia”. Suas ações de contribuição social também foram recordadas. “Quantas pessoas ele salvou na vida, foram tratados nos hospitais que ele ajudou a construir, quantas pessoas tiveram educação e ensino através do Colégio Sesi, e a manifestação firme e forte dele, porque todas as pessoas que lhe procuravam, ele estava como coração aberto. Uma pessoa muito altruísta”. Para Campagnolo, seu Cláudio como era conhecido, era exemplo de humildade, e “uma pessoa que jamais será substituída, mas estará presente em nossas memórias”, finalizou.
Homenagens
O Coral do Gama – Associação de Amigos de Prevenção ao Câncer também fez sua última homenagem ao fiel apoiador. Inclusive através de sua gestão no Instituto Regional de Desenvolvimento Econômico e Social (Irdes), Cláudio influenciou a instituição a tornar-se autossustentável. Da ideia, surgiram serviços e produtos, como o Chocolates Gama, que ajudam a manter atendimentos aos pacientes de câncer. Em seu enredo, o Coral cantou uma versão adaptada da música “É por você que canto”, para fatos da história e personalidade de Cláudio Petrycoski.
Amigos se despedem
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