No domingo passado, dia 28, celebramos o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, lembramos Santana e São Joaquim, pais de Maria, Mãe de Jesus, avós do Salvador do mundo. Dada a importância do assunto, decidi retomá-lo para ressaltar a mensagem que o Papa Francisco dirigiu a todos para o efetivo engajamento na missão de combater a solidão, sentimento que compromete o gosto e o brilho do viver humano, em quaisquer de suas etapas. A solidão, nascida do silêncio e da contemplação orante, é alicerce para as atividades diárias e um alento que fecunda o gosto e o zelo pela vida, possibilitando uma indispensável qualificação espiritual e força para enfrentar as lutas e embates cotidianos. A solidão, que brota do silêncio, aquele do reverso do mundo barulhento, do desejo frenético de opinar sobre todas as coisas e comentar sobre tudo, tem propriedades indispensáveis para configurar a unidade interior, sem a qual é impossível dar conta de viver. A solidão a ser combatida é aquela nascida e cruelmente fecundada pelo abandono.
O Papa Francisco inspirou sua mensagem, para IV Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, no Salmo 71,9: ‘Na velhice, não me abandones’, uma súplica de socorro iluminada na atitude amorosa e paternal de Deus que jamais abandona seus filhos e filhas, mesmo quando a idade avança e as forças declinam. Ao contrário, ampara e consola, especialmente quando a função social é reduzida com uma vida menos produtiva, revertendo o natural sentimento de se pensar como inútil.
Deus está ao lado dos seus em todos os momentos, não menos na velhice, iluminando o dom precioso de se envelhecer com contribuições na vida da família, da sociedade, da Igreja e de muitas instituições e segmentos sociais. Esta compreensão combate frontalmente a vigente cultura do descarte que afronta a dignidade humana e cava fossos perigosos para o cotidiano da humanidade, que não pode prescindir da memória de sua história. O medo de rejeição na velhice está presente, e é uma súplica orante a Deus, devendo ecoar nos ouvidos e corações de todos: “Não me rejeites no tempo da velhice”, especialmente nos períodos de sofrimentos, para dissipar e superar o destrutivo temor do abandono. A natural companheira dos idosos, a solidão, precisa ser fecundada e transformada pelas atitudes de presença, atenção, tempo dedicado em escutas, visitas, passeios, ajudas e serviços prestados, incluindo aqueles indispensáveis, considerados os limites de mobilidade e uso de força física.
O combate à solidão deve ser assumido como tarefa e compromisso familiar, impulsionados pela gratidão e reconhecimentos, alicerçados na convicção da necessidade de quem está só em casa, nas residências de idosos ou nos hospitais. É importante, cada indivíduo, famílias, grupos, segmentos da sociedade, governantes também, prestarem atenção na cartografia da solidão envolvendo os idosos. Há muito a se fazer para dar aos corações a oportunidade de vivenciar uma sensibilidade espiritual e emocional que reverte em ganho àquele que cuida. Põe-se o desafio de erradicar todo tipo de preconceito e hostilidades aos idosos, risco de mentalidades tortas que alimentam os embates entre gerações.
O cuidado com os avós e idosos, nas famílias, nas igrejas, nas instituições todas da sociedade, para além de respeito indispensável aos ordenamentos jurídicos de um estatuto, é garantia de civilização alicerçada sobre pilares que promovem a paz e configuram estilos de vida assentados sobre a justiça e a paz, alavancas do desenvolvimento integral. Recebam a bênção do Papa Francisco: “A todos vós, queridos avós e idosos, e às pessoas que vos acompanham, chegue minha bênção acompanhada pela oração. E também vós, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim”.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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