Em 14 de março é lembrado o Dia Mundial da Incontinência Urinária, um problema que atinge, só no Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas, que apresentam algum grau de incontinência urinária e convivem todos os dias com a condição, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Mais mulheres sofrem com escapes de urina, sendo 45% das mulheres. Contudo, o problema também acomete 15% dos homens acima de 40 anos e, além do público mais jovem, a condição afeta uma em cada três pessoas acima dos 60 anos. Pela quantidade de pessoas, a incontinência é conhecida mundialmente como “câncer social”, por conta do constrangimento de quem convive com o problema
Homens procuram médico primeiro
Mesmo que o assunto ainda seja um tabu dentro do público masculino – cerca de 70% dos homens não costumam ir ao urologista, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica -, e apesar da condição atingir mais as mulheres, são eles que procuram ajuda primeiro.
“Mesmo com milhares de brasileiros acometidos pela condição, muitos não procuram ajuda médica por não conhecerem direito a doença e seus tratamentos ou por acreditarem que o problema é natural. As mulheres incontinentes, por exemplo, costumam demorar mais para procurar ajuda. Isso porque muitas consideram os sintomas como algo da idade ou que está ligado à maternidade e ao pós-parto, já que conhecem amigas ou familiares que passam pela mesma situação”, explica o urologista Carlos Sacomani, membro da Sociedade Brasileira de Urologia, American Urological Association, European Association of Urology e International Continence Society.
Câncer e incontinência
Ainda de acordo com o especialista, a maioria dos casos de incontinência urinária masculina é causada pelo enfraquecimento do esfíncter e está relacionada à cirurgia para retirada de tumor na próstata. Isso acontece porque a cirurgia de prostatectomia pode afetar o funcionamento desse músculo responsável pelo controle da urina e que envolve a uretra, causando perda involuntária de urina. Outras possíveis causas incluem doenças neurológicas, cirurgias pélvicas, bexiga hiperativa e alterações degenerativas associadas ao envelhecimento.
“Cerca de 5% a 10% dos homens que se submeteram à prostatectomia radical vai apresentar algum grau de incontinência urinária, que é causada pelo enfraquecimento do esfíncter e persiste por um longo período após a cirurgia. Alguns fatores podem aumentar o risco de incontinência: casos mais graves de câncer, experiência dos cirurgiões durante a prostatectomia, idade do paciente e a existência de outros problemas de saúde relacionados”, explica.
Tratamentos no Brasil
Segundo o urologista, no Brasil existem duas alternativas principais para o tratamento da incontinência urinária causada pelo enfraquecimento do esfíncter no homem: implantação de um Esfíncter Artificial ou as cirurgias de Sling, que consistem na colocação de uma faixa sob a uretra de modo a comprimi-la.
Geralmente os slings são usados para tratar incontinência urinária em casos leves e moderados, e o esfíncter artificial nos casos de incontinência moderada a grave. “Este tratamento se popularizou no Brasil nos últimos anos e une tecnologia de ponta e recursos seguros para devolver a qualidade de vida ao paciente. Só para se ter uma ideia, o esfíncter artificial é um recurso que apresenta de 80% a 90% de eficácia para homens com incontinência urinária decorrente da cirurgia prostática. Esse procedimento consiste no implante de um pequeno anel em volta da uretra, totalmente contido no corpo e imperceptível, que passa a ser o responsável pelo controle da urina”, finaliza.