No último dia 05 de junho de 2024, comemoramos mais uma vez, o dia mundial do meio ambiente, nossa consciência meio que confusa nos últimos tempos, vem dando sinais de que precisamos melhorar e muito se quisermos continuar existindo de modo digno nesse belo Planeta chamado Terra, não é segredo para ninguém que durante um mês inteiro, o absurdo climático fez uma passagem devastadora pelo querido e sempre amado estado do Rio Grande do Sul, durante trinta dias ou mais, esse evento extremo foi a ordem do dia, por onde passou não deixou pedra sobre pedra, o mundo turbulento, cheio de si mesmo até então, onde se praticava uma competição acirrada, sem dó nem piedade, retornou de modo assustador àquilo que ele não é mais; ali abundou o que antes parecia ser impossível de acontecer; surgiu ali com todas as forças, o efêmero, a complexidade e sim, muitas crises.
Agora, passado o dilúvio, com alguns dias benfazejos de um sol radiante para que todos possam se recuperar mesmo que a duras penas, todos sem exceção deveriam se perguntar: Qual a importância do meio ambiente, na minha vida? Na minha existência e de tantos outros mais que também passaram por esta experiência traumática e que levará muito anos para ser superada? O meio ambiente, teve alguma importância até hoje realmente, ou é mais uma daquela datas figurativas e que quando chega, damos um sorriso tímido, fingindo que não temos nada a ver com aquilo? Até a chegada da tragédia, estávamos exatamente igual aos vizinhos de Noé, isto é, comendo, bebendo, se divertindo, morrendo de tanto trabalhar para poupar, economizar, garantir o futuro como tão bem pregam os imbecis especializados em futurologia; mas isso foi irrelevante para a natureza.
A tragédia que ainda está acontecendo no Rio Grande do Sul, nos lembra uma verdade irretocável, a de que, sem um meio ambiente saudável, absolutamente ninguém estará a salvo onde quer que se esteja, adentrar na complexidade do meio ambiente foi até hoje uma façanha por nós levada a ferro e fogo, procuramos sob todos os aspectos dominar a natureza, domar o meio ambiente para os nossos instintos mais perversos e no auge da nossa “glória”, tivemos uma queda incrível, os que acreditavam piamente em qualquer coisa até então, que lhes era mostrada com intuito único de ter mais vantagem ainda, viram num piscar de olhos toda a sua fé, todos os seus desejos, irem para o mundo obscuro das águas sujas, poluídas, contaminadas pela nossa mais alta insensatez; de reis da criação passamos a ser meros catadores de restos, mendigos de si próprios, escravos do tempo.
O paradoxo da ultramodernidade veio para ficar entre nós, ele revelou nesse dia 05 de junho a face perversa que grassa num mundo enlouquecido e fominha por ter sempre mais, buscar o progresso seja lá como for, sem se importar com as consequências, tais como a pauperização, a exclusão, o subdesenvolvimento para a maioria esmagadora, e a partilha das tragédias e a não divisão dos lucros de forma igualitária, mostraram agora com força máxima esse mundo que nos rodeia. Mas paradoxo maior é o fato de o meio ambiente não se curvar a esses imperativos de morte, ele pode até demorar dar a sua resposta, mas quando a dá, ninguém tem a capacidade de lhe retrucar; ele não deixa ninguém em paz, ninguém fica mais no mesmo lugar como antes; no momento em que mais julgávamos ter todas as luzes ao nosso dispor, eis que ficamos às escuras, isso sim é a idade das trevas.
Bioeticamente, esse 05 de junho de 2024, dia mundial do meio ambiente, deveria ter sido uma ocasião de suma importância para revermos nossos hábitos ambientais, tivemos de fazer a triste experiência de que o que pode nos destruir de fato é sim os nossos sucessos e nunca os nossos fracassos, o projeto humano até então levado em frente sem nenhum tipo de freio, mostrou-se errado, ele foi e é completamente impotente diante da força tremenda da natureza, o que conseguimos até agora em termos de êxito, mostrou-se de uma precariedade única. Aqueles que constantemente são os senhores da ilusão deveriam agora estar diante de um tribunal, sendo julgados pelos seus crimes ambientais, esses mesmos senhores, mestres na arte de enganar, lançaram milhares de pessoas no mundo da incerteza, mostraram de forma única, o quanto nossas ações são ambivalentes.
Comentários estão fechados.