Eduardo Dala Costa
Quando o sociólogo alemão Ulrich Beck falou em “pensar globalmente, agir localmente”, ele não fazia ideia que essa sua expressão que tratava da globalização se tornaria quase uma máxima de domínio público. No entanto, a beleza está no fato de que ela se encaixa em quase todos os segmentos, da tecnologia ao meio ambiente, sem nunca perder seu sentindo: é da competência de cada um fazer ao menos a sua parte.
Hoje puxo o pensamento de Beck para a preservação ambiental, já que 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente, e estou, como engenheiro ambiental, no meu lugar de fala.
Há muito tempo não conseguimos devolver ao planeta todos os recursos que utilizamos. A cada ano, o dia da sobrecarga da Terra, que é quando o planeta atinge o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente, chega mais cedo. Em 2020, esgotamos os recursos em 22 de agosto. Dessa forma, a partir desse dia criamos um “crédito negativo” em todos os recursos usados para a sobrevivência, desde água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros. O resultado é que consumimos 1,75 Planeta Terra. Acumulamos esse déficit desde 1970.
A situação certamente muito preocupante, e por isso vemos uma grande movimentação nas redes sociais, por exemplo, em relação ao desmatamento na Amazônia. Mas, além de compartilhar fotos de madeiras sendo retiradas e animais silvestres em sofrimento, o que mais podemos fazer?
A resposta é: muitas coisas. Nada que precise se amarrar a uma árvore, como fazem alguns ativistas, ou fazer trabalho voluntário de resgate aos animais ou socorro às populações ribeirinhas. Mas a gente pode, por exemplo, não jogar óleo usado na pia. Pode deixar o carro em casa e ir trabalhar a pé ou de bicicleta. A gente pode parar de consumir produtos em embalagens plásticas. A gente pode separar o lixo, fazer uma composteira com o descarte orgânico e cultivar uma horta em casa. Instalar uma cisterna e utilizar a água da chuva. A gente pode priorizar os produtos produzidos localmente de forma orgânica.
Essas ações, pequenas e simples, quando reunidas, causam um impacto muito grande. Se cada um fizer a sua parte, a gente pode atrasar o dia da sobrecarga da Terra e tratar com mais cuidado esse planeta, que é a nossa casa.
*Eduardo Dala Costa é engenheiro ambiental e vereador em Pato Branco