Dom Edgar Xavier Ertl
No dia 11 de fevereiro é a, festividade de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial dos Doentes. Em sua mensagem do Dia dos Doentes, o Papa Francisco destaca a importância da gratuidade no serviço aos doentes, dizendo que “o cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é querido”. Suplica ainda Bergoglio que “em 11 de fevereiro de 2023, olhemos também para o Santuário de Lourdes como uma profecia, uma lição confiada à Igreja no coração da modernidade”.
A Carta de Tiago, parte da coleção chamada “cartas católicas”, no último capítulo trata da oração eclesial, especialmente pelos doentes. Assim lemos: “Alguém dentre vós está sofrendo? Recorra à oração. Alguém está alegre? Entoe hinos. Alguém dentre vós está enfermo? Mande chamar os anciãos da igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com o óleo no nome do Senhor. A oração salvará o enfermo, e o Senhor o reerguerá” (Tg 5,13-15). Tiago fala de um ato sagrado oficial. A doutrina e prática da unção dos enfermos (outrora chamada “extrema-unção”) se apoia nesse texto. Tiago fala de um ato sagrado, oficial; não se ocupa de outros remédios humanos.
A Unção dos Enfermos é o Sacramento da esperança
A Unção dos enfermos é um dos sete sacramentos. O teólogo italiano, Inos Biffi, diz que “não é só sacramento daqueles que estão no fim da vida, mas também daqueles que por doença ou por velhice começam a estar em perigo de morte”. É nesta situação, prossegue Inos, de enfermidade que o mistério da morte e ressurreição é destinado a iluminar-se com este sacramento. O sacramento lança luz sobre o sentido e a eficácia da presença de Jesus morto e ressuscitado junto ao fiel doente. Biffi está afirmando que diante das enfermidades, limitações físicas e fragilidades vividas naquele doente que tem fé, recebe iluminação e significado a partir do Cristo sofredor. Mas a “visita” de “Jesus Cristo ao doente assume a forma de sacramento: É Jesus Cristo que está na origem da eficácia sacramental, já que é Ele mesmo o inventor dos sacramentos” teologiza.
Diante de enfermidades surgem perguntas existenciais e por vezes misteriosas. “Acho que fui abandonado por Deus, por isso que estou sofrendo” – disse-me um senhor hospitalizado. Deus nunca abandona seu povo e nenhum de seus filhos. Os relatos bíblicos tanto no Antigo como no Novo Testamento mostram-nos essa verdade. Deus-amor próximo. Jesus pleno de compaixão pelos doentes e sofredores. Ele é o nosso consolo. Do mesmo modo acontece quando a pessoa tem de enfrentar a doença, a velhice ou o abandono. Nessas horas experimentamos nossos limites humanos e sentimos de modo vivo a presença de Deus. Este Sacramento quer, portanto, ajudar-nos a nos entregar confiantes nas mãos de Deus, de onde saímos e para onde voltamos. É nessa esperança que devemos viver e assumir nossa história neste mundo. Deus não abandona nenhum de seus filhos em nenhum momento. Por isso é preciso olhar com confiança para Ele e aceitar seu amor sem fim.
Visitar os doentes, entre as obras de misericórdia
O Catecismo da Igreja Católica recorda-nos quais sejam as obras de misericórdia. As obras de misericórdias são as ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar, consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporais consistem nomeadamente em dar de comer a quem tem fome, albergar quem não tem teto, vestir os nus, visitar os doentes e os presos, sepultar os mortos. Entre estes gestos, a esmola dada aos pobres é um dos principais testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a Deus (cf. Can. 2447).
Bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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