Nesse domingo (6) é celebrado o Dia Nacional do Teste do Pezinho, a data tem como objetivo conscientizar e alertar sobre a importância da realização do exame, um dos instrumentos mais eficaz para identificar doenças raras, assintomáticas e de difícil diagnóstico em recém-nascidos.
O teste do pezinho é realizado no Brasil desde a década de 70, sendo o primeiro país da América do Sul a realizar o exame. Mas só se tornou obrigatório em 2001, quando foi instituído o Programa Nacional de Triagem Neonatal, incorporado pelo Governo Federal e é de extrema importância para a população, pois o diagnóstico precoce dessas doenças podem prevenir complicações, deficiências e o óbito de crianças.
Como é realizado
O teste do pezinho é realizado a partir de gotas de sangue coletados com um furo no calcanhar do bebê. É rápido, pouco invasivo, não traz risco à saúde e deve ser feito entre o 3° e 5° dia de vida.
A furadinha rápida realizada pela equipe do hospital nos dias após o nascimento pode salvar a vida da criança. O exame detecta doenças metabólicas, genéticas e infecciosas, que se tratadas precocemente, possibilitam o desenvolvimento físico e mental adequados.
Teste básico X Ampliado
O teste do pezinho realizado pelo Sistema único de Saúde atualmente identifica apenas seis doenças, sendo elas o hipotireoidismo congênito (HC), Fenilcetonúria (PKU), Doença Falciforme (DF), Aminoacidopatias (AA), Fibrose Cística (FC), Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) e Deficiência de Biotinidase (BIO).
Enquanto isso, o teste ampliado oferecido pela rede privada é capaz de identificar uma lista muito maior de patologias, podendo identificar até 53 doenças raras, dentre elas, a Atrofia Muscular Espinhal (AME).
Governo sanciona lei de ampliação do teste do pezinho no SUS
O presidente Jair Bolsonaro sancionou na última quarta-feira de maio a Lei n° 14.154, que amplia o número de doenças detectadas pelo teste do pezinho no Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o exame realizado na rede pública de saúde passa a abranger 14 grupos de doenças, podendo identificar até 53 tipos de enfermidades e condições especiais de saúde.
A ampliação tem prazo de até um ano para acontecer e será feita de forma escalonada, sendo estabelecido os prazos de cada etapa do processo pelo Ministério da Saúde.
Etapas
- Na primeira etapa está prevista a inclusão de doenças relacionadas ao excesso de fenilanina, doenças relacionadas à hemoglobina e toxoplasmose congênita.
- Na segunda etapa serão detectados níveis elevados de galactose no sangue, aminoacidopatias, distúrbio do ciclo de ureia e distúrbios de betaoxidação de ácidos graxos.
- Na terceira etapa acontecerá a inclusão de doenças do funcionamento celular;
- Na quarta etapa serão incluídos os testes para detectar problemas genéticos do sistema imunológico.
- A partir da quinta etapa será testada a Atrofia Muscular Espinhal (AME).
Lei vai acelerar o diagnóstico de doenças raras no Brasil
A realização do teste ampliado pela rede SUS vai diminuir o risco de óbitos em crianças e ajudar aquelas que nascem com problemas graves de saúde a ter qualidade de vida e a possibilidade de tratamento adequado a suas condições.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, existem entre seis e oito mil doenças raras no mundo, sendo consideradas raras as doenças que afetam até 65 pessoas em cada 100 mil.
Apenas 4% dessas pessoas fazem tratamento e 30% morrem antes dos cinco anos de vida, tendo como principal causa da morte o diagnostico tardio, que impossibilita o tratamento e acompanhamento adequado da criança.
No Brasil, a estimativa é que aproximadamente 13 milhões de pessoas tenham uma doença rara, sendo 75% delas crianças. Por isso, a ampliação do teste é de extrema importância para a população e para as famílias que não tem condições financeiras para a realização em clínicas particulares.
*Fonte: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Endocrinologia