Com assessorias
O diabetes causa uma morte a cada cinco segundos em todo o mundo, totalizando 6,7 milhões de mortes em 2021. Atualmente a doença já atinge 537 milhões de adultos, com idades entre 20 e 79 anos, sendo 32 milhões nas Américas do Sul e Central. Em 90% dos casos, o Diabetes se manifesta como o Tipo 2, que está relacionado ao sobrepeso, obesidade e maus hábitos de vida.
Próximo ao Dia Mundial do Diabetes, 14 de novembro, a Federação Internacional de Diabetes (IDF, sigla em inglês) divulgou esses e outros dados preliminares do Atlas Diabetes 2021, incluindo espantosa alta de casos da doença neste ano. A médica endocrinologista Julianne Maia, especialista no assunto, diz que os números são alarmantes, ainda mais porque a estimativa é que esse índice chegue a 300 milhões em 2025.
Quanto ao Brasil, os dados mostram que 16 milhões de brasileiros têm a doença, mas que a metade deles não sabem dessa condição. A endocrinologista alerta: “É comum o paciente não saber da condição mesmo já apresentando alguns sintomas, e quando fazemos o exame descobrimos que a diabetes já se consolidou. Assim como há casos de pacientes ainda assintomáticos, que já apresentam os exames alterados.” Por isso, a médica destaca a importância de realização de checkup de rotina e controle da doença quando o diagnóstico está feito. Esta é outra pauta importante levantada pelo Dia Mundial do Diabetes, lembrar a população sobre a importância dos cuidados com a doença, ainda mais em tempos de pandemia, já que ela pode ser um agravante no quadro da covid-19.
O documento, divulgado neste mês de novembro, mostra que houve um aumento de quase 16% nos casos da doença em adultos (de 20 a 79 anos) em todo o mundo. Hoje são 537 milhões de pessoas com diabetes, isto significa que 1 a cada 10 adultos desenvolveram a doença, e apenas em 2021, já foi responsável por 6,7 milhões de mortes em todo o mundo, ou seja, 1 a cada 5 segundos. Os novos dados divulgados pela IDF sobre brasileiros com diabetes só serão divulgados no próximo dia 6 de dezembro, quando o Atlas Diabetes 2021 for publicado.
De acordo com a endocrinologista Tarissa Petry, que irá abordar o tema no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariártica e Metabólica, que acontece entre os dias 11 e 13 de novembro, em São Paulo, os dados são preocupantes e a previsão é que esse número aumente para 643 milhões em 2030 e 784 milhões em 2045. “O salto foi tão grande nesse período de 2019 para cá, que já estamos próximos ao número de diabéticos esperado para 2030 e ainda estamos em 2021.A alta dos últimos dois anos foi de 16%”, afirma.
A expectativa é que o Brasil ocupe uma posição preocupante no ranking de países com mais casos da doença. “Ainda não saíram os dados brasileiros, mas em 2019 estávamos em 5º lugar no mundo e o 6º de subdiagnóstico, estima-se que a metade das pessoas que têm diabetes no mundo nem têm diagnóstico, apesar da importância do tratamento precoce, que visa evitar complicações da doença”.
Ainda de acordo com o Atlas, 81% dos adultos com diabetes vivem em países com baixa e média renda. No próximo domingo, dia 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, com o objetivo de incentivar o diagnóstico e tratamento precoce.
Cirurgia para tratamento
A cirurgia metabólica para o tratamento do diabetes tipo 2 será discutida por cirurgiões e endocrinologistas durante dois dias – 11 e 12 de novembro – do Congresso Brasileiro de Cirurgia Bariátrica.
A cirurgia metabólica é realizada de forma semelhante a cirurgia bariátrica, porém o objetivo principal é o controle da diabetes e não a redução de peso. É indicada principalmente para os pacientes que não obtêm sucesso no controle clínico e medicamentoso da doença.
O procedimento foi aprovado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2017, mas seu acesso ainda não é garantido por planos de saúde. No Sistema Único de Saúde (SUS), a cirurgia para o diabetes apesar de regulamentada enfrenta a lentidão das filas.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Dr. Fábio Viegas, ampliar o acesso ao tratamento cirúrgico do diabetes tipo 2 é importante para evitar complicações e óbitos causados pela doença. “O procedimento é seguro e eficaz no tratamento do diabetes. Pode salvar milhões de vidas e aumentar a qualidade de vida daqueles pacientes que mantêm o uso regular de medicamentos para o controle da doença”.
O procedimento é realizado por videolaparoscopia, através de pequenos furos na parede abdominal. Essa alteração promove a passagem mais rápida do alimento do estômago para o intestino e traz mudanças metabólicas como a aceleração da produção de hormônios, que atuam no pâncreas melhorando a produção de insulina, o que normaliza os níveis de glicose no sangue.
Estudos têm demonstrado benefícios a médio e longo prazo para a qualidade de vida destes pacientes como, por exemplo, que 45% dos pacientes entram em remissão do diabetes (deixam de tomar medicamentos e insulina) já no primeiro ano de cirurgia.
Além disso, a cirurgia metabólica é uma ferramenta eficaz para prevenir complicações graves do diabetes como a insuficiência renal, a retinopatia diabética, acidentes cardiovasculares e os problemas de úlcera e gangrena dos membros inferiores que levam muitos pacientes a ter de amputar parte da perna.
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