A peregrinação do hajj, que já atraiu cerca de 2,5 milhões de muçulmanos de todas as classes sociais em todo o mundo, agora está quase irreconhecível. O reino restringiu a 60 mil peregrinos este ano – cidadãos e residentes vacinados – após receber quase 600 mil pedidos de participação.
Ela está reduzida pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia do coronavírus, especialmente após o surgimento da variante Delta (encontrada pela primeira vez na Índia) e enquanto o reino ainda luta para vacinar seus cidadãos.
O hajj reduzido impede que os muçulmanos de fora da Arábia Saudita cumpram uma obrigação islâmica e causa perdas financeiras à economia saudita, que em anos pré-pandêmicos arrecadou bilhões de dólares como guardiã dos locais sagrados do Islã.
Protegidos por máscaras, os fiéis passaram a noite nos campos do Vale da Mina e, depois da oração do meio-dia na mesquita de Namira nesta segunda-feira, 19, subiram o Monte Arafat, de 70 metros de altura, onde acreditam que o profeta Maomé pronunciou seu sermão final.
No ritual mais importante do hajj, os fiéis passarão horas rezando e recitando o Alcorão para se livrarem de seus pecados. Depois do pôr do sol, se dirigem a Muzdalifa, a meio caminho entre Arafat e Mina, onde dormirão sob as estrelas antes de realizarem o simbólico apedrejamento do diabo.
Durante o sermão na mesquita, o xeique Bandar Balila elogiou as medidas sanitárias tomadas pelo governo para evitar que o evento religioso se transforme em um foco de contágios.
“Estar entre os sortudos te dá a sensação de que nosso Deus é misericordioso e nos escolheu para estar aqui”, disse Selma Mohamed Hegazi, uma egípcia de 45 anos. “Se Deus quiser, nossas orações serão atendidas.”
Os fiéis mencionavam uma sensação de tranquilidade ao descerem do Arafat, também conhecido como Monte da Misericórdia. “Ser um dos apenas 60 mil participantes no hajj… me sinto como parte de um grupo privilegiado que pôde chegar a este lugar”, disse Baref Siraj, um saudita de 58 anos.
Este ritual anual constitui um dos cinco pilares do Islã, obrigatório para os muçulmanos, se tiverem a capacidade física e financeira de participar.
Organizar o hajj é um assunto de prestígio para o governo saudita, cuja custódia dos lugares mais sagrados do Islã é sua principal fonte de legitimidade política. Por outro lado, a proibição da participação de peregrinos do exterior causou ressentimento e decepção entre muçulmanos de todo o mundo, que costumam economizar durante anos para conseguirem participar.
Os escolhidos foram selecionados entre mais de 558 mil candidatos e deveriam estar vacinados contra o coronavírus, ter entre 18 e 65 anos e não ser portador de doenças crônicas.
As autoridades buscam repetir o sucesso do ano passado, no qual garantem que nenhum de seus 10 mil participantes foi infectado com a covid-19. Suas autoridades de saúde afirmaram no domingo que ainda não detectaram nenhuma infecção na peregrinação atual.
A Arábia Saudita detectou mais de 509 mil casos e registrou mais de 8 mil mortes pelo coronavírus, entre uma população de 34 milhões de pessoas. Também aplicou 20 milhões de doses da vacina contra a covid.
Para evitar surtos da doença em um evento que geralmente leva multidões, as autoridades de saúde dividiram os peregrinos em grupos de 20 pessoas, introduziram passes eletrônicos para acessarem sem contato os alojamentos e transportes e instalaram robôs para distribuir as garrafas de água sagrada na Grande Mesquita de Meca.
Ibrahim Siam, um peregrino egípcio de 64 anos procedente de Dammam (leste da Arábia Saudita), afirmou que esses procedimentos “tornaram as coisas muito mais fáceis”. (Com agências internacionais)
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