Segundo pesquisa da Polônia, alimentação saudável auxilia no combate às erupções que aparecem na pele e melhora a autoestima de quem sofre com elas
Um estudo publicado recentemente no periódico científico Nutrients mostra que um cardápio recheado de legumes, frutas e outros ingredientes naturais melhora a aparência da pele e a qualidade de vida de pessoas com acne.
No trabalho, pesquisadores da Polônia concluíram que adicionar à dieta itens com ação antioxidante — especialmente frutas e legumes vermelhos, roxos, amarelos e cítricos, além de vegetais verde-escuros, oleaginosas, peixes e azeite de oliva — pode ser benéfico contra essa condição dermatológica.
Para isso, selecionaram 165 mulheres, com idades entre 18 e 35 anos, que sofriam com as lesões e cicatrizes provocadas pela acne. Mais da metade lutava contra a condição havia pelo menos dois anos. Algumas das voluntárias enfrentavam a situação por mais de cinco anos, e 9% apresentavam um quadro acneico grave.
As participantes fizeram um diário alimentar de três dias aleatórios, dois durante a semana e um no fim de semana, descrevendo em detalhes tudo o que comeram e beberam. Com base nessas informações, os pesquisadores analisaram o valor energético e a quantidade de substâncias antioxidantes na dieta — entre elas, betacaroteno, vitaminas C e E, além de minerais como selênio, ferro, zinco, cobre e manganês.
Ao acompanhar a evolução da acne entre as participantes, a equipe constatou que aquelas com uma alimentação mais rica em antioxidantes apresentaram melhora superior em relação às que ingeriam menos fontes dessas substâncias. “Os resultados do estudo mostraram que o combate à ação dos radicais livres promovida pelos antioxidantes reduz o estresse oxidativo e a inflamação, fatores importantes no desenvolvimento da acne”, explica a dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein.
A médica descreve o que não pode faltar no cardápio de quem busca se livrar da acne. “É importante incluir duas porções diárias de frutas, três de vegetais frescos, alimentos ricos em ômega-3, como peixes, nozes e semente de linhaça, alimentos integrais, proteínas magras e fontes de zinco, como grão-de-bico, nozes e sementes”, orienta Miguel.
Também é importante evitar o consumo de certos itens. “Alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras saturadas e cheios de açúcar, por outro lado, são prejudiciais, pois podem potencializar o quadro inflamatório e até mesmo aumentar a oleosidade da pele, desencadeando ou agravando o quadro em indivíduos predispostos à doença”, explica a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
A médica do Einstein acrescenta a essa lista os carboidratos de alto índice glicêmico, como o pão branco, as massas e os doces. “Eles aumentam rapidamente os níveis de glicose no sangue, o que desencadeia picos de insulina, o hormônio que permite a entrada do açúcar nas células, causando um desequilíbrio que pode deixar a pele mais espessa e aumentar a secreção de sebo”, detalha.
Também vale maneirar nos lácteos em geral, incluindo o whey protein, feito a partir da proteína do soro do leite. “Os laticínios não são bem-vindos para quem tem acne, e essa relação não se deve apenas ao teor de gordura, mas também aos hormônios e moléculas bioativas presentes no leite que podem causar desequilíbrios hormonais e promover o desenvolvimento de acne”, acrescenta Barbara Miguel.
O impacto psicológico da acne
Além de investigar o efeito de um cardápio rico em antioxidantes sobre a acne em si, os pesquisadores examinaram também o impacto psicológico da doença. Isso porque ela tem uma repercussão significativa na autoestima e na qualidade de vida das pessoas, pois geralmente provoca lesões em áreas como face, tórax, ombros e costas, partes do corpo que ficam bastante em evidência durante o contato social.
Outros estudos já apontaram, inclusive, que alterações psicológicas, como ansiedade, inibição social, depressão e até mesmo ideação suicida, fazem parte da vida de muitos desses pacientes.
Na pesquisa polonesa, as voluntárias responderam a questionários padronizados sobre sua qualidade de vida e foi possível concluir que a turma que colocava mais fontes de antioxidantes no prato teve melhora de até 32% na qualidade de vida e uma redução de 33% no risco de depressão.
“Como na maioria das vezes acne afeta negativamente a saúde mental e a qualidade de vida geral das pessoas, é crucial termos em mente que, além de tratarmos a doença em si, devemos tomar medidas para aliviar os aspectos que vão além da pele”, pontua a dermatologista da SBD.
Fonte: Agência Einstein
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