“Não podemos dizer que não estamos produzindo muitas vacinas, mas o que temos é uma jogada de mercado. O mercado está se comportando como sempre faz, não como se estivéssemos em pandemia”, acrescentou.
“Como médicos, já não gostamos que o mercado se comporte apenas buscando o lucro. Para salvar a vida das pessoas, é necessário que as vacinas sejam acessíveis”, afirmou Simão. “A OMS não é contra o lucro, mas precisamos que investidores entendam a necessidade da saúde pública”.
Como possíveis medidas a serem adotadas, a diretora-assistente mencionou o compartilhamento de tecnologia para as vacinas, as licenças voluntárias de propriedade intelectual sobre sua fabricação e afirmou que a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem trabalhado para agir de modo que beneficie a todos.
De acordo com o consultor sênior da OMS, Bruce Aylward, 30% de toda a população mundial recebeu ao menos uma dose da vacina. O número, porém, varia entre os continentes. Na Europa e Américas do Sul e do Norte, essa parcela é de 50%, na Ásia, 30%, enquanto na África, menos de 5% recebeu uma dose do imunizante, de acordo com o especialista. “A iniciativa Covax da OMS está alcançando os lugares difíceis do mundo. Os países na Europa e América do Norte são os lugares fáceis onde se conseguir vacina”, disse.
Reforço
Em relação à dose de reforço do imunizante, que vem sendo discutida em alguns países, Mariângela Simão reafirmou que não há evidências científicas que apontem a necessidade desse procedimento até o momento. “As terceiras doses se aplicam a países ricos, já que as vacinas não estão baratas neste ponto. Se você começa a aplicá-las, você está tirando a oportunidade de trabalhadores de saúde receberem a primeira dose em outros locais”. A diretora-assistente, reforçou, ainda, que enquanto existirem países com baixa cobertura de vacinas, há a possibilidade de novas cepas do coronavírus se desenvolverem.
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