O episódio mais recente é o do ex-jogador Clodoaldo, presente na campanha do rebaixamento do clube em 2007 e que ficou sob contrato até 2011. O atleta ganhou uma ação trabalhista contra o Corinthians alegando direitos de imagem e arena que não recebeu, além de férias, 13.º e FGTS. O valor estipulado é de R$ 900 mil que serão pagos em 18 parcelas de R$ 50 mil. A dívida só deve terminar no fim de junho de 2022. Ou seja, o clube continua pagando por um jogador que não tem mais no elenco. O acordo entre as partes põe fim a um imbróglio que se arrastava por nove anos na Justiça do Trabalho de São Paulo.
Essas pendências têm minado o Corinthians numa temporada que o clube não pode contar com o dinheiro da torcida nem de alguns patrocinadores. A diretoria segue trabalhando em cima desta realidade. Durante uma transmissão no canal da torcida organizada Gaviões da Fiel, o diretor financeiro Wesley Melo comentou sobre negociações avançadas com duas empresas que devem auxiliar a gestão do clube. Uma delas é a KPMG, uma das quatro maiores multinacionais de auditoria, consultoria e assessoria tributária.
“Está vindo para nos auxiliar com essa dívida de mais de R$ 900 milhões. Não é uma auditoria, é uma inspeção. A gente precisa reduzir esta dívida, dar um fôlego e ser honesto com cada um desses credores”, afirmou Melo na transmissão. Ele responde pelas finanças do clube.
O caso de Clodoaldo é apenas a ponta de um iceberg no que diz respeito a jogadores que batem à porta do Parque São Jorge atrás de seus direitos trabalhistas. O atacante Guilherme, que esteve no clube entre os anos de 2016 e 2019, ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho cobrando R$ 2 milhões. As pendências reivindicadas pelo atleta (férias, 13º, FGTS) foram relativas ao seu último ano de vínculo.
Nesta lista de credores, até quem nunca vestiu a camisa do Corinthians também está cobrando seus direitos. É o caso do atacante Luidy, que ficou quatro anos sob contrato e nesse período foi emprestado para diversos clubes como Londrina, CRB, São Bento e Ceará. O processo corre na 23ª Vara de São Paulo e o valor da pedida é de pouco mais de R$ 720 mil.
As penhoras de receitas são fruto de má gestão financeira. A Justiça determinou no mês passado o confisco de cerca de R$ 2,1 milhões pela dívida da compra de Marlone junto ao Penapolense. A transferência ocorreu há pouco mais de cinco anos e o processo corre desde 2017. Em nota, o clube se pronunciou informando estar ciente das penhoras e que se pronunciaria dentro dos prazos judiciais.
Diante desse cenário, uma das medidas prioritárias do departamento de futebol tem sido desidratar a folha de pagamento. Em meio a toda essa situação, o técnico Vagner Mancini tenta manter um time competitivo nas competições que terá pela frente, como o Paulistão Sicredi 2021. A condição do Corinthians não contempla sua dívida de mais de R$ 1 milhão do clube com seu estádio em Itaquera.
O enxugamento de seus gastos mensais vai continuar. Estima-se que a folga do clube passe dos R$ 10 milhões. O clube quer reduzir ao menos R$ 3 milhões. Da Neo Química Arena, o Corinthians ganhou um cheque de R$ 300 milhões no total, mas diluídos em 20 anos. Novas transações podem acontecer nesse sentido. Quando o estádio voltar a operar, espera-se que o torcedor possa aparecer e apoiar o clube.
Comentários estão fechados.