Por Patricia Alves De Oliveira Giannetti
As doenças cardiovasculares podem afetar o coração e os vasos sanguíneos, sendo responsáveis por 1/3 de todos os óbitos do mundo. Além do grande número de mortes na população, elas também são responsáveis pelas morbidades, ou seja, as consequências que afetam os portadores das doenças, como:
- Doença coronariana: doenças dos vasos sanguíneos que irrigam o coração (artérias coronárias), determinando, por exemplo, o infarto, que é a obstrução de um desses vasos.
- Doenças cerebrovasculares: doenças dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e que podem determinar os “AVCs”, ou seja, os acidentes vasculares cerebrais.
Apesar dessa estatística, nos últimos anos há uma tendência de redução progressiva da mortalidade, tanto por melhora nos atendimentos e disponibilidade de medicamentos, como pelas tecnologias de alta complexidade. Entretanto, por conta disso, tem-se aumentado muito os gastos com estes pacientes. No Sistema Único de Saúde (SUS), essas doenças representaram aproximadamente 10% do total de internações e 17% dos gastos financeiros. Considerando isso, nos últimos anos, a atenção especial tem sido dada à prevenção das doenças cardiovasculares e, portanto, ao controle dos fatores de risco.
Os fatores de risco cardiovasculares são aqueles que aumentam a probabilidade da ocorrência da doença, em determinado período de tempo, como :
- Idade acima 70 anos;
- Hipertensão arterial;
- Colesterol elevado;
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Sedentarismo;
- Obesidade;
- História familiar de doença cardíaca;
- Fatores psicossociais.
Ainda é fundamental determinar a possibilidade de fazer alguma intervenção neste fator de risco a fim de prevenir a ocorrência da doença (chamada de prevenção primária) ou prevenir a recorrência da doença em indivíduos que já foram acometidos (prevenção secundária).
Além disso, temos os fatores de risco modificáveis ou evitáveis, ou seja, sobre os quais podemos exercer alguma influência, como sedentarismo e obesidade; e aqueles não modificáveis, em que não podemos interferir, como a idade e a genética.
Muitos estudos foram feitos em grandes populações para se identificar os principais fatores de risco de doenças cardiovasculares. Entre eles, o mais conhecido é o “Estudo de Framingham”, que aponta que quanto mais fatores associados, maior o risco.
Com esses estudos é possível estimar o risco de desenvolvimento de doença do coração e de morte em um período de 10 anos. De acordo com a classificação de risco, a incidência de infarto será muito menor em pacientes classificados como de baixo risco em relação aos pacientes classificados como de alto risco.
A identificação dos fatores de risco presentes em cada caso e as medidas efetivas a serem implantadas para sua modificação devem fazer parte do plano de tratamento proposto. Elas são de extrema relevância na evolução do indivíduo, inclusive na redução de custos a longo prazo, fazendo com que a relação custo-benefício seja muito positiva.
A idade é o principal fator de risco não modificável de doenças cardiovasculares.
Homens com mais de 65 anos e mulheres com mais de 75 anos apresentam risco aumentado de doença cardíaca, mas como é um fator não modificável, nessa população há necessidade de se intensificar os cuidados com os outros fatores que podem ser modificados.
Apesar disso, outras faixas etárias também podem ser consideradas para homens e mulheres e podem diferir de acordo com a origem, raça, hereditariedade e nível socioeconômico.
Considerando então a importância do controle dos fatores de risco para doenças do coração e a necessidade de uma atenção especial para as medidas de prevenção, o mês de setembro foi escolhido para concentrar as campanhas de conscientização, prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares. Isso porque no dia 29 de setembro é comemorado o Dia Mundial do Coração, uma inciativa criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração com apoio das Nações Unidas. O “Setembro Vermelho” é um período onde se ressalta a importância de se cuidar do coração, com mudanças de estilo de vida e aderência a bons hábitos, como:
Alimentação saudável: Quanto mais “in natura” o alimento, maior o benefício para a saúde, com redução de gorduras saturadas (de origem animal), sal, conservantes e corantes. Atentando-se para alimentos que fazem “bem“ ao coração como as oleaginosas (nozes, azeite e castanhas) e as fibras alimentares que auxiliam no controle do colesterol, triglicerídeos e pressão arterial. É necessária uma dieta balanceada em relação à qualidade e à quantidade.
Manutenção de um estilo de vida ativo: As atividades físicas são as atividades realizadas no dia a dia, com algum grau de movimento muscular, mas sem necessariamente um objetivo específico, como o que ocorre nos esportes.
Para a “saúde do coração” e redução do risco das doenças cardiovasculares, há necessidade de se manter um estilo de vida ativo, ou seja, com atividades que tenham algum gasto energético. Para isso preconiza-se a realização de 8.000 a 10.000 passos por dia. Além disso, faz-se importante a realização de atividades com maior gasto energético, como os esportes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, recomenda-se de 150 a 300 minutos de atividades de moderada intensidade por semana (caminhada no percurso para o trabalho, como lazer, serviços domésticos, serviços de jardinagem etc.) ou 75 minutos de atividades de alta intensidade por semana, como caminhadas aceleradas, corrida, natação, musculação entre outros.
Controle adequado do peso: A obesidade é uma alteração corporal que envolve excesso de gordura e faz com que ocorra um aumento do risco de problemas de saúde, principalmente no coração.
Geralmente, a obesidade resulta de um desbalanço entre a ingestão de um maior número de calorias do que aquelas que são gastas nas atividades de vida diária.
Sabe-se que a obesidade está relacionada com a saúde do coração e deve ser combatida com uma alimentação saudável e balanceada, além de um estilo de vida ativo e realização de exercícios físicos regularmente.
Interrupção do tabagismo: O cigarro é uma das maiores causas de mortes evitáveis no mundo e um importante fator de risco das doenças cardiovasculares, principalmente a angina e o infarto. Os homens fumantes têm três vezes mais chances de ter um infarto, se comparado aos homens não fumantes. Nas mulheres, esse risco é ainda maior. E não são apenas os fumantes que têm mais chances de sofrer um infarto. O fumante passivo, que é uma pessoa que se expõe diariamente à fumaça do cigarro, também tem um risco aumentado de desenvolver doenças do coração em relação àqueles que não se expõem a tais fatores.
Apesar da redução progressiva do número de fumantes, principalmente pelas restrições legais, ainda há necessidade de conscientização de grande parcela da população, com a utilização de tratamentos adequados para a cessação do tabagismo, desde um programa psicossocial até a utilização de remédios específicos.
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