Dólar fecha acima de R$ 5,85 com temores de recessão nos EUA

O dólar encerrou esta segunda-feira, 10 de março de 2025, em alta de 1,07%, cotado a R$ 5,8521, maior valor de fechamento do mês. Após uma manhã de instabilidade, a moeda americana ganhou força à tarde, alinhada ao desempenho global, impulsionada por temores de recessão nos EUA devido à política econômica de Donald Trump, especialmente as incertezas sobre tarifas de importação.

Instabilidade e Aversão ao Risco

Pela manhã, o dólar registrou mínima de R$ 5,7732, mas a tendência se inverteu à tarde, alcançando R$ 5,8716. “O movimento refletiu a piora das moedas emergentes, com insegurança sobre as tarifas de Trump e seus impactos econômicos”, explica Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. A fala de Trump, que mencionou um “período de transição” na economia americana sem descartar retração, intensificou a aversão ao risco global.

O economista Luciano Costa, da Monte Bravo, observa uma mudança na percepção dos investidores. “Dados recentes de consumo fraco e aumento do déficit comercial nos EUA, aliados a previsões do Federal Reserve de Atlanta de contração no PIB, reforçam o cenário de desaceleração”, diz. O índice Nasdaq caiu mais de 4%, e as taxas dos Treasuries curtos recuaram 10 pontos, sinalizando um risk off que afetou o real.

Impacto nas Commodities e no Real

A perspectiva de desaceleração americana pressionou os preços das commodities, prejudicando moedas emergentes. O petróleo caiu mais de 1,5%, acumulando perdas de 5% em março, segundo dados do mercado internacional. “A queda das commodities joga contra o real e seus pares”, afirma Costa. Já o índice DXY, que mede o dólar ante seis moedas fortes, subiu modestamente, superando os 104,000 pontos.

Expectativas do Mercado

Investidores aguardam o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos EUA, a ser divulgado em 12 de março, para ajustar apostas sobre cortes de juros pelo Federal Reserve. As projeções indicam uma redução acumulada de 75 pontos-base, com início entre maio e junho. “O mercado precifica risco de estagnação e inflação, aumentando a chance de alívio monetário para evitar recessão”, avalia Cristiano Oliveira, do Banco Pine.

Contexto do Mês

Apesar da alta de hoje, o dólar acumula queda de 1,09% nos primeiros quatro pregões de março. Em 28 de fevereiro, a moeda fechou a R$ 5,9163. A incerteza global, agravada pelas políticas de Trump, mantém os ativos de risco voláteis.

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