Dólar fecha em alta a R$ 5,75 de olho em quadro fiscal

O dólar registrou o terceiro pregão consecutivo de valorização nesta segunda-feira, 24 de março de 2025, fechando a R$ 5,7524, alta de 0,61%. Pela primeira vez em cerca de dez dias, a moeda superou os R$ 5,75, impulsionada por ajustes de posições e movimentos especulativos no mercado doméstico, apesar do avanço de commodities e divisas emergentes, como os pesos mexicano e chileno.

Fatores Internos e Externos na Alta do Dólar

A volatilidade aumentou devido às expectativas sobre as tarifas recíprocas da administração Donald Trump, a serem anunciadas em 2 de abril, e aos ruídos políticos e fiscais no Brasil. Analistas apontam que declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, geraram desconforto. Durante apresentação matinal, Haddad afirmou que “não seria vergonha mudar parâmetros do arcabouço fiscal”, mas reforçou que não pretende alterá-los. A fala foi interpretada como sinal de possível flexibilização das metas fiscais, elevando o dólar à máxima de R$ 5,7728.

Haddad reagiu via rede social X, esclarecendo que suas palavras foram distorcidas e reiterando confiança no arcabouço atual. O ajuste reduziu a pressão, e o dólar estabilizou em torno de R$ 5,73 pela manhã, mas ganhou força à tarde, alinhado às mínimas do Ibovespa.

Cenário Internacional e Projeções Econômicas

No exterior, o apetite ao risco melhorou com a perspectiva de tarifas mais brandas. Contudo, o índice DXY, que mede o dólar ante seis moedas fortes, subiu acima de 104,000 pontos, com máxima em 104,444. As taxas dos Treasuries avançaram, com a T-note de 10 anos superando 4,30%. Já o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, revisou sua projeção de dois para um corte de juros em 2025, citando incertezas econômicas.

Trump confirmou que anunciará sobretaxas em setores como automóveis e chips, mas indicou possíveis pausas para alguns países. Segundo Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, “a postura errática de Trump aumenta a volatilidade, com o mercado avaliando impactos na economia dos EUA e nas decisões do Fed sobre juros”.

Desempenho do Real e Perspectivas

Apesar da alta recente, o dólar acumula queda de 2,77% em março e de 6,92% no ano. Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o movimento reflete ajustes especulativos locais, não uma tendência de longo prazo. O real, beneficiado pelo carry trade e fluxos de capitais, segue sensível a questões fiscais internas e ao cenário global.

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