Dólar fehca a R$ 5,71 em meio a tensões globais e fiscais

O dólar registrou uma alta firme nesta sexta-feira, 21 de março de 2025, encerrando o dia cotado a R$ 5,7177, um avanço de 0,74%. A moeda norte-americana voltou a superar o patamar de R$ 5,70, impulsionada por um fortalecimento global diante das incertezas sobre as tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e por preocupações fiscais no Brasil após a aprovação do Orçamento de 2025.

Pressão Internacional e Desempenho do Real

O real, que vinha se destacando positivamente entre as principais moedas globais, sofreu a segunda maior perda do dia, atrás apenas da divisa de Israel, que caiu mais de 1%. A máxima do dólar foi registrada pela manhã, a R$ 5,7345. Apesar da alta nas últimas duas sessões, a moeda acumulou queda de 0,45% na semana, mantendo uma desvalorização de 3,36% em março.

Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, explica: “O fortalecimento do dólar reflete a proximidade das tarifas recíprocas dos EUA, previstas para 2 de abril, o que eleva a aversão ao risco. No Brasil, a questão fiscal também pesou, com o Orçamento aprovado trazendo previsões otimistas de arrecadação para assegurar o resultado primário.”

No cenário externo, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, superou os 104,000 pontos, com alta semanal de 0,40% e avanço superior a 3% no mês. Em discurso na Casa Branca, Trump chamou o dia 2 de abril de “dia da libertação americana”, sinalizando flexibilidade nas tarifas mediante reciprocidade e anunciando diálogo com o líder chinês, Xi Jinping.

Ruídos Fiscais no Brasil

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A aprovação do Orçamento de 2025 na quinta-feira trouxe alívio parcial, mas gerou desconforto com as projeções fiscais. A reforma da renda, com isenção de Imposto de Renda (IR), é outro ponto de tensão. O governo estima uma renúncia de R$ 25,8 bilhões, mas cálculos da Warren Investimentos apontam R$ 34 bilhões, sugerindo subestimação. Medidas compensatórias, como tributação de rendas mais altas, enfrentam resistência no Congresso, aumentando a incerteza.

Costa destaca: “A ideia de reduzir gastos tributários, em vez de taxar dividendos acima de R$ 50 mil, já circula. Esses ruídos fiscais, que estavam adormecidos, voltaram a impactar o real.”

Impactos da Política de Trump

A política comercial e migratória de Trump alimenta temores de desaceleração econômica e pressão inflacionária nos EUA. Ian Lopes, da Valor Investimentos, observa: “Há incerteza sobre uma possível recessão devido à guerra comercial, que é inflacionária.” Dirigentes do Federal Reserve, ecoando Jerome Powell, reforçaram a necessidade de cautela na política monetária.

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