Dólar fecha abaixo de R$ 5,70 no menor nível desde novembro

O dólar registrou uma queda importante nesta segunda-feira, 17 de março, fechando a R$ 5,6864, o menor valor desde 7 de novembro de 2024 (R$ 5,6753). Com uma desvalorização de 0,99% no dia, a moeda norte-americana acumula perdas de 3,89% em março, após uma alta de 1,37% em fevereiro. Esse movimento reflete tanto fatores globais quanto domésticos, com destaque para o recuo do dólar no mercado internacional e o fortalecimento do real impulsionado por indicadores econômicos positivos no Brasil.

Fatores Globais: Economia Chinesa e Incertezas nos EUA

A queda do dólar foi influenciada por um cenário externo favorável às moedas emergentes. O otimismo com a economia chinesa foi um dos principais catalisadores, após o governo chinês anunciar medidas de estímulo ao consumo. Dados recentes mostraram que as vendas no varejo e a produção industrial do país no primeiro bimestre superaram as expectativas, enquanto a queda nos preços e vendas de moradias foi menor que o previsto, aliviando preocupações com o setor imobiliário. Esses fatores beneficiaram divisas de países exportadores de commodities, como o real, o dólar australiano e o neozelandês.

Por outro lado, indicadores econômicos fracos nos Estados Unidos pressionaram o dólar. As vendas no varejo americanas subiram apenas 0,2% em fevereiro, abaixo dos 0,7% esperados, e o índice de atividade industrial Empire State despencou para -20 em março, ante uma previsão de 1,5%. Segundo a corretora Monte Bravo, as incertezas sobre as tarifas de importação propostas por Donald Trump aumentam o temor de uma desaceleração mais forte nos EUA, afetando a confiança dos investidores e contribuindo para a queda do índice DXY, que mede o dólar contra uma cesta de moedas fortes. O DXY acumula perdas de 3,80% em março, atingindo os menores níveis desde outubro.

Impacto Doméstico: IBC-Br e Expectativas para o Copom

No Brasil, o IBC-Br de janeiro, considerado um termômetro do PIB, surpreendeu positivamente ao registrar crescimento acima das estimativas. Esse resultado reacendeu o debate sobre a resiliência da economia brasileira e elevou as expectativas para a reunião do Copom na quarta-feira, 19, quando a taxa Selic deve subir 1 ponto percentual, alcançando 14,25%. O aumento já foi sinalizado pelo Banco Central, refletindo a postura de aperto monetário para conter pressões inflacionárias.

Para Patricia Krause, economista-chefe da Coface para América Latina, o movimento do dólar nesta segunda-feira foi majoritariamente reflexo do ambiente externo, com o dólar fraco e a alta do petróleo. Contudo, ela destaca que o IBC-Br acima do esperado também favoreceu o real, reforçando a atratividade da moeda brasileira no mercado de câmbio.

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Perspectivas para o Real e Revisão do Itaú

Analistas apontam que o real pode se beneficiar ainda mais na chamada Super Quarta, quando o Federal Reserve (Fed) e o Copom anunciarão suas decisões de política monetária. Sinais de um possível corte de juros nos EUA neste ano, aliados à continuidade do aperto monetário no Brasil, podem aumentar o interesse no carry trade, estratégia que aproveita o diferencial de juros entre países. Isso tende a desestimular posições compradas em dólar e fortalecer o real.

O Itaú, liderado pelo economista Mario Mesquita, revisou sua projeção para a taxa de câmbio de 2025 e 2026, reduzindo-a de R$ 5,90 para R$ 5,75. “O aumento do diferencial de juros e a expectativa de um dólar mais fraco contribuem para uma taxa de câmbio apreciada”, afirmam os economistas. No entanto, eles alertam que essa valorização pode ser limitada por incertezas fiscais e pela deterioração das contas externas brasileiras.

Desempenho do Dólar no Dia

O dólar abriu o pregão em queda e, no fim da manhã, rompeu o suporte de R$ 5,70, alcançando a mínima de R$ 5,6664 à tarde. O fechamento a R$ 5,6864 consolidou o menor patamar em mais de quatro meses, refletindo o desempenho positivo de outras moedas emergentes, como o rublo russo, que valorizou mais de 2% após conversas entre Trump e Vladimir Putin.

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