Dólar recua para R$ 5,75 com alívio em tarifas e Fed no radar

Em uma sessão reduzida após o Carnaval, nesta Quarta-Feira de Cinzas, 5 de março de 2025, o dólar à vista registrou queda expressiva de 2,71%, fechando a R$ 5,7560. O recuo, que levou a moeda americana a operar abaixo de R$ 5,80, acompanhou o enfraquecimento global do dólar e posicionou o real brasileiro como a moeda de melhor desempenho entre as principais divisas globais. A mínima do dia foi de R$ 5,7525, refletindo uma desvalorização acumulada de 6,86% no ano.

Contexto Global Impulsiona o Real

O mercado reagiu a uma combinação de fatores internacionais. Investidores ajustaram suas expectativas após dados fracos do mercado de trabalho dos EUA, divulgados pelo Relatório ADP, que apontou a criação de apenas 77 mil empregos no setor privado em fevereiro — bem abaixo dos 143 mil esperados. Esse resultado reforça a possibilidade de uma queda mais significativa nos juros pelo Federal Reserve em 2025, com projeções indicando um corte de 75 pontos-base, possivelmente começando em junho, com mais de 80% de probabilidade, segundo o CME Group.

Além disso, sinais de alívio nas políticas de tarifas de Donald Trump contribuíram para o otimismo. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmou em entrevista à Fox News que Trump considera excluir o mercado do USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) das novas tarifas. Apesar disso, Trump criticou os esforços do Canadá contra o contrabando de fentanil, mas anunciou um prazo de um mês para aplicar tarifas apenas a veículos da região.

Outro destaque foi a retomada das negociações entre EUA e Ucrânia sobre exploração de minerais, vista como um passo para um possível acordo de paz. Após tensões entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Zelensky informou que equipes dos dois países estão em diálogo, com resultados esperados na próxima semana. Esse cenário reduziu a aversão ao risco, beneficiando moedas emergentes.

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Desempenho do Dólar e Moedas Emergentes

O índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, caiu mais de 1%, atingindo a mínima de 104,259 pontos, rompendo o piso de 105,000. A desvalorização foi acentuada frente ao euro (queda superior a 1,5%), impulsionada pelo aumento dos gastos em defesa na União Europeia. “A mudança de narrativa favorece as moedas emergentes, com o Fed podendo adotar medidas de alívio mais amplas que o Banco Central Europeu”, analisou Natalia Gurushina, economista-chefe da VanEck.

No Brasil, o dólar abriu em queda firme às 13h, recuando mais de 2% em menos de 30 minutos. O economista André Galhardo, da Remessa Online, destaca que o DXY acumula queda de 3% em março, beneficiando o real e o peso chileno. “Dados recentes da economia americana sinalizam desaceleração, abrindo espaço para cortes de juros em junho e no segundo semestre”, explica Galhardo.

Ruídos Políticos Domésticos em Segundo Plano

Internamente, a indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) gerou ruídos na semana passada, elevando o dólar acima de R$ 5,90 na sexta-feira anterior. Contudo, o tema perdeu força frente aos movimentos globais, que dominaram o pregão desta quarta-feira.

Com o dólar recuando 2,71% em um único dia, após alta de 3,24% na semana passada, as atenções se voltam ao relatório oficial de emprego dos EUA (payroll) na sexta-feira, 7 de março. O desempenho misto da economia americana — com serviços e encomendas à indústria acima do esperado — mantém o mercado em alerta.

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