Promovidos ao sub-17 no início da temporada, os meninos têm recebido as primeiras chances no sub-20, último passo para a chegada ao profissional do Palmeiras, que nas últimas temporadas tem dado oportunidades aos garotos revelados na base, como Patrick de Paula e Gabriel Menino.
Tratado como uma joia, Endrick soube na véspera do clássico com o Corinthians, em agosto, pelo Brasileiro Sub-20, que seria relacionado para o dérbi. “Na hora, nem consegui entender direito”, contou o jogador natural de Brasília. “Mas depois, quando a ficha caiu, fiquei muito feliz. Gosto de desafios. Sempre que visto a camisa do Palmeiras, esqueço a idade e só penso em vencer.”
Da mesma forma, Luis Guilherme se surpreendeu com a notícia de que atuaria com garotos até cinco anos mais velhos do que ele. O jovem natural de Aracaju (SE) estreou na categoria em outubro, diante do Internacional, também pelo Brasileiro. “Foi uma alegria enorme”, disse o sergipano. “Estava fazendo musculação quando me contaram que viajaria para Porto Alegre. É sinal de que tenho feito um bom trabalho no sub-17”.
Segundo o clube, a utilização de Endrick e Luis Guilherme nas categorias maiores faz parte de uma estratégia da base de acelerar a maturação de garotos vistos com grande potencial. A ideia é estimular neles o desejo de evoluir de forma contínua, sem, no entanto, queimar etapas.
ATACANTE DE MAIS DE 100 GOLS – “A gente não tem como parar a força da natureza”, salientou o coordenador geral do Centro de Formação de Atletas, João Paulo Sampaio. “Fogo morro acima e água morro abaixo são como jogador talentoso. A única coisa que você tem de fazer é desafiá-lo. Foi o que aconteceu com Gabriel Jesus, Veron, Luan Cândido, Vitinho e Artur, entre outros. Quando o menino chama muito a atenção, a gente atropela os processos”, explicou, ressaltando que, no grupo campeão paulista sub-20 em 2020, havia sete garotos do sub-17 e um do sub-15.
Endrick, especialmente, tem chamado a atenção desde cedo e gera expectativa nos torcedores, ansiosos para saber como será seu desempenho quando for promovido aos profissionais. O jovem atacante ostenta mais de 100 gols na base, quatro deles marcados já pelo time sub-20 em nove partidas.
No Palmeiras desde os 10 anos, Endrick aponta as diferenças ao atuar pelo sub-15 e pelo sub-20. “Você tem de pensar mais rápido e enfrentar jogadores mais experientes, que entendem melhor o futebol. Jogar com eles tem sido importante para me desenvolver e ficar mais maduro”, opinou.
Os dois se conheceram em 2017, durante uma viagem do sub-11 do Palmeiras para a disputa da Go Cup, tradicional torneio de base realizado em Goiânia (GO). Eles costumam ir juntos aos treinos na Academia 2, em Guarulhos (SP). São companheiros de quarto nas concentrações da equipe e, nos momentos de lazer, gostam de se enfrentar no videogame. Endrick admira o espírito de Felipe Melo, e Luis Guilherme é fã do futebol de Dudu.
Segundo Sampaio, além do talento com a bola, Endrick e Luis Guilherme se notabilizam pela disposição em progredir na carreira. “Eles são concentrados naquilo que querem e isso também faz toda a diferença”, afirmou. “São os atletas mais precoces com quem trabalhei em quase sete anos de Palmeiras. A gente os desafia sempre e a resposta tem sido positiva. É evolução atrás de evolução”.
A dupla foi integrada ao elenco do time sub-17 na temporada passada, quando tinham 14 anos. O clube entendeu que era necessário dar ao meio-campista e ao atacante a chance e de terem um calendário de treinos e jogos, uma vez que não houve torneios sub-15 em 2020 em função da pandemia de covid-19.
Entrosados dentro e fora dos gramados, os garotos prodígios da base palestrina sonham com a oportunidade de, no futuro próximo, atuar pelo time principal comandado pelo português Abel Ferreira. O elenco profissional é recheado de “crias da Academia”, casos do zagueiro Renan, dos meio-campistas Gabriel Menino, Danilo e Patrick de Paula e dos atacantes Wesley e Gabriel Veron.
“A gente vê que o Palmeiras tem hoje várias Crias da Academia em seu elenco. Isso é algo que nos incentiva a treinar cada vez mais”, observou Luis Guilherme. “A gente se conhece bem, um sempre procura pelo outro no campo. Tomara que essa parceria continue por muito tempo”, desejou Endrick.
O jogador mais jovem a jogar pelo profissional do Palmeiras foi o atacante Vinicius, que atuou no empate em 2 a 2 contra o Rio Branco, no dia 24 de março de 2010, com 16 anos, sete meses e 21 dias. Existe a expectativa que Endrick quebre essa marca. O atacante vai completar 16 anos no dia 21 de julho do ano que vem. Ele coleciona golaços na base, incluindo em partidas decisivas. Contra o Santos, na final do Paulistão sub-11, em 2017, anotou uma pintura de bicicleta.
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