Dirceu Antonio Ruaro
Amigos leitores, pais e professores, já é quase passado o primeiro bimestre do ano letivo de 2022, em muitas escolas.
Inicialmente havia muito a preocupação com o retorno, com a acolhida para a retomada das aulas totalmente presenciais.
Muitas interrogações, incertezas, dúvidas e angústias povoaram as mentes de pais, professores e alunos porque não se sabia ao certo se era o momento correto de se retomar as aulas cem por cento presenciais em todos os níveis de ensino.
Contrariando muitas expectativas e medos, as aulas foram retomadas e, pouco a pouco, “os medos” foram cedendo para uma nova etapa: a de que, visivelmente, a pandemia estava se afastando.
Ainda corremos riscos, é certo. Pode surgir uma nova cepa e nos obrigar a atitudes mais restritivas, sim, é possível. Mas, se todos seguirem as normas de segurança (a pandemia não acabou de todo), poderemos ter a sequência do ano letivo sem grandes sustos.
Então, está na hora de tomada de outras decisões.
O ano letivo está em curso pra valer e não se pode mais perder tempo. Muitos pais e alunos acharam que tudo seria muito suave, que a escola e os professores deveriam tratar os alunos com carinho, com dedicação e compreender o stress pelo qual as famílias e os alunos passaram.
Certamente, todas as escolas e todos os professores compreenderam isso e foram muito empáticos no retorno às aulas.
Porém, é hora de os alunos fazerem a parte deles.
Tenho observado que grande parte ainda está se sentindo como se necessitasse de toda a proteção e que estudar não é necessário. Ora, um dos maiores problemas é a “síndrome da coitadização”, ou seja, muitíssimos alunos, de todos os graus de ensino, estão agindo com um sentimento de “coitadinho”.
Ora, a crise foi mundial. O sentimento de perda, de angústias, de incertezas e de “impotência” foi igual para todos. A pandemia não escolheu classe social, raça ou religião. Abalou e atingiu a todos.
Então é necessário que, nesse momento de retomada todos, independentemente de idade, curso, nível social ou escola, sejam capazes de estudar e assumir seu papel de protagonista na sua vida escolar.
O desafio agora é estudar e aprender. Por isso é hora de retomar a seriedade, de perceber o grande desafio da aprendizagem. De entender que a aprendizagem não é um processo de osmose, de transferência, mas um processo de trabalho sério e árduo, que demanda muita concentração, dedicação e tempo.
É hora de retomar o planejamento e pensar no futuro. O que quero ser? Como quero ser? Como me preparar para ser o que quero ser? Como devo agir para aprender?
Essas questões precisam ser respondidas por cada criança, adolescente, jovem ou adulto que esteja frequentando uma escola.
E, por isso, é interessante a discussão com a família, com o namorado, com os amigos, no sentido de buscar ajuda para direcionar metas, idealizar o futuro, a profissão.
Entender que a escola contribui muito para a formação pessoal, é fundamental, mas entender que a formação pessoal depende muito mais da pessoa e de suas ações, é essencial.
Entender que é preciso estudar como se essa, nesse momento, fosse a profissão, é de extrema importância. Mesmo para os bem pequenos. Ter a noção de que é preciso ler, interpretar, analisar, desenvolver novas habilidades e competências, ou seja, aprender de fato.
Muitas crianças e adolescentes veem a escola como algo ruim, um obstáculo para a vida adulta. Como algo inevitável até poderem “mandar em si”. Que pena. A escola e, via de consequência, o estudo, oferecem oportunidades de explorar opções para futuras escolhas profissionais.
Muitos pensam que é preciso estudar para poder “passar no vestibular de uma universidade bem-conceituada”, como se isso fosse o suficiente. Pode-se frequentar a mais conceituada das universidades, mas se o estudante não fizer a parte dele e estudar, e aprender, terá o diploma da “universidade conceituada”, mas não terá as habilidades e competências necessárias para exercer, com sucesso, uma profissão.
Por isso, insisto, as famílias precisam assumir seu papel de guardiã dos estudos dos filhos, influenciando, positivamente, na organização da vida escolar e nos horários de estudo. Mais, é preciso que a família, veja se o filho está, de fato, aprendendo, estudando ou apenas “enrolando o tempo”, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER