Saindo da igreja, outro dia, cumprimentei um senhor que parecia querer conversar. Perguntei como estava e ele respondeu com um ‘tudo bem’, mas foi além e falou um pouco mais. Prontifiquei-me a ouvi-lo.
O que me chamou a atenção, neste simples fato, foi que aquele homem me disse que precisava ser escutado. Realmente, é importante o ato de escutar. Sabemos de inúmeros casos de pessoas que se salvaram, até mesmo de um suicídio, após serem ouvidas.
Escutar quer dizer “ouvir com atenção”, estando inteiramente envolvido, no momento presente, com a pessoa que fala. Estar consciente de que escutar é acolher profundamente o outro para entender, de fato, o que ele está falando. Escutar é como colocar-se no lugar do outro, procurar se sentir como ele está se sentindo e colher qual a real dimensão do que quer comunicar.
O ato de escutar pode começar com o acolhimento das pessoas com as quais temos contato, seja formal e previsto, seja ocasional, que pode ocorrer durante o dia no trabalho, no transporte ou mesmo em casa.
Muitas vezes, acolher o próximo pode ser natural e espontâneo, quando se trata de pessoas com as quais já temos algum relacionamento ou que temos em certa consideração. Mas não é tão fácil quando se trata de desconhecidos, sobretudo se pertencerem às minorias ou àquelas pessoas deixadas de lado pela sociedade em razão de preconceitos de gênero, cor ou condição social.
Em meio a tantas desavenças, discussões, polarizações e guerras, a busca do entendimento, da paz, da unidade, se torna cada vez mais urgente.
Escutar o outro de maneira sincera e profunda, sem pressa, para conhecê-lo e valorizá-lo na sua diversidade cultural. É o caminho que leva também o outro a escutar e é, portanto, a base e a premissa para um diálogo fecundo.
O Papa Francisco nos convida a escutar com o ouvido do coração para estabelecer uma relação dialogal entre Deus e a humanidade: “Entre os cinco sentidos, parece que Deus privilegia precisamente o ouvido, talvez por ser menos invasivo, mais discreto do que a vista, deixando consequentemente mais livre o ser humano”.
A escuta precisa ser atenta, participativa com o olhar, com gestos corporais, fazendo com que a pessoa se sinta confortável e acolhida. Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso que haja silêncio no coração. Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Saber ouvir o outro é sinal de respeito, de bondade, de acolhida, de valorização, de abertura ao diálogo franco e verdadeiro.
Para concluir, fica o desafio: saibamos acolher as pessoas que nos procuram para um diálogo que parte do coração e sejamos merecedores de toda a confiança, pois nos dispomos a escutá-las com amor.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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