Certa vez alguém bem inspirado disse que a vida é um eterno aprendizado, onde os dias sempre surgem como a oportunidade de aprender novas lições. Estes dias, por exemplo, tenho sido particularmente tocado por alguns ensinamentos do lápis. Inicialmente, fiquei fascinado com uma frase de Madre Teresa de Calcutá, que olhando para sua vocação, conclui: “Não sou nada, senão um instrumento, um pequeno lápis nas mãos do meu Senhor, com o qual ele escreve aquilo que deseja”. Quando me deparei diante deste fragmento, fiquei surpreso por encontrar tantas lições em um simples objeto, lições importantes que, se bem aprendidas, nos sugerem uma gama de significados para a nossa vida, nossa história, nossa vocação.
Não gostaria de ser metódico ao discorrer sobre os ensinamentos sugeridos pelo lápis, contudo, penso que inevitavelmente o serei, pelo desejo de juntos explorarmos da sua riqueza, tal como o garimpeiro se dispõe quando encontra uma mina. Com o lápis aprendemos, primeiro, a lição da confiança e do abandono em Deus. Ele nos sugere que podemos fazer grandes coisas, mas não devemos nos esquecer que existe uma Mão que guia nossos passos, uma Mão que deseja nos conduzir. É preciso nos submetermos a essa Mão, deixar-nos ser conduzidos e orientados por ela. Um lápis sem uma mão que o tome e o oriente, não tem muito sentido.
Uma segunda lição, é que na vida da gente, depois de algum tempo, precisamos ser apontados. Passar pelo apontador não deve ser muito agradável ao lápis, mas para que a ponta fique evidente e apropriada para a escrita ele precisa se deixar cortar. E deixar-se “cortar na carne’. É bem verdade que temos medo do apontador, e isso acontece porque sabemos que afiar a ponta significa quase sempre cortar excessos, aparar o que está sobrando, tirar o que não precisamos mais e isso é muito difícil, embora seja necessário para o nosso crescimento. A beleza escondida nesta lição nos leva a uma terceira: ao passar pelo apontador, o lápis foi cortado em sua parte externa, mas também em seu interior. O grafite também foi modelado, renovado. Passou por um processo educador, porque educar é tirar, extrair, trazer para fora o novo. O que realmente importa no lápis, não é simplesmente a madeira ou seu aspecto externo, mas, sobretudo, o grafite que está dentro. Para que a escrita fique perfeita, a ponta precisa ser feita por inteiro, daí a importância do cuidado com aquilo que acontece em nosso interior.
A quarta lição, é que o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que está errado. A necessidade da borracha nos faz abandonar atitudes e vícios, nos faz mudar comportamentos, mentalidade, convicções. Nos faz olhar em outras direções, pedir perdão, voltar atrás, recomeçar, superar o egoísmo e autossuficiência. É interessante como, de um modo admirável, o lápis nos ensina a necessidade que temos da borracha quando estamos diante do erro.
Finalmente, a quinta lição é que o lápis sempre deixa uma marca. Tudo o que fazemos, de algum modo, marca as pessoas e marca, sobretudo, a nós mesmos. A qualidade dessas marcas sempre resulta das escolhas que fazemos diante daquelas outras lições. É preciso deixar as boas marcas para as quais o lápis foi gerado. Se ainda não as deixamos, é tempo de recomeçar. É tempo de escrevermos uma nova história. O tempo é agora. O tempo é neste dia que se chama hoje.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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