Indicadores recentes já apontam para a combinação de estagnação econômica e inflação. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,1% no segundo trimestre, ante os três primeiros meses do ano. Projeções sugerem que o PIB ficará no zero a zero no terceiro trimestre. Ao mesmo tempo, o IPCA (o índice oficial de inflação, calculado pelo IBGE) acumulado em 12 meses chegou a 9,68% em agosto.
Para o chefe de pesquisa macroeconômica do banco Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, é possível que o quadro “de inflação alta e crescimento baixo” se mantenha por “mais alguns trimestres”, mas a duração total dependeria do grau de incertezas políticas até as eleições de 2022. “Quando essa energia da recuperação da atividade reprimida começar a se exaurir, tenho quase certeza de que vamos voltar ao crescimento medíocre de antes”, afirma.
Acelerar o crescimento passa por fazer reformas, na visão do economista-chefe da agência de risco Austin Rating, Alex Agostini. Sem melhorar o sistema tributário e retirar tarifas de importação que dificultam a competitividade, os negócios ficam travados.
As reformas poderiam atacar também a indexação de contratos, principalmente dos serviços públicos, como a eletricidade, que pioram a “estrutura da inflação”. Os contratos de prestadores de serviços públicos têm reajustes baseados nos IGPs, índices muito influenciados pelo atacado e pelo dólar. Assim, a inflação passada contamina a futura, mesmo que a demanda esteja fraca, com a economia estagnada ou em queda. “Isso vai gerando uma perda de eficiência do poder de compra do consumidor”, diz Agostini.
Especialista em inflação e professor da PUC-Rio, Luiz Roberto Cunha ressalta que, após o controle de hiperinflação, nos anos 1990, a economia do País entrou num estágio de baixo crescimento com inflação mais elevada do que em outros lugares. O problema, ressalta, é que o Plano Real ficou incompleto, não avançou nas reformas fiscal, tributária e administrativa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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