Editar menos e compreender mais. 

Acabou a COP-30, ainda é muito cedo para conclusões, mas o que temos recebido de informações até agora, dão conta que todo o Planeta continua em suspenso, meias palavras, meias verdades, meias ações, meias responsabilidades, esse rol de meias é o que incomoda, pois tudo nessa COP-30, pode ser resumido em poucas palavras, naquilo que Ailton Krenak, membro da Academia Brasileira de Letras e autor de “Ideias para adiar o fim do mundo”relatou de modo claro, objetivo e inequívoco, ou seja,  “eu gostaria muito de esperançar alguma coisa surpreendente”, “a vocação da COP30 é ser um balcão de negócios para negociar petróleo, madeira e terras raras. Parece que esta é a ilusão do momento”. Percebeu-se muito bem que o meio ambiente, embora fazendo parte de nossas vidas vinte e quatro horas por dia, ele permanece muito distante das nossas consciências. 

O meio ambiente, como todo o restante da existência humana se transformou numa imensa loja com centenas de departamentos oferecendo absolutamente tudo a preços variados, mas no entanto não se demonstrando nenhum valor por essas vendas, para não irmos muito longe fiquemos apenas com as milhares de ofertas ilusórias que prometem verdadeiros milagres num curto espaço de tempo, esforço mínimo, dinheiro a vontade, bastando apenas que nos ajoelhemos a potentes máquinas que em tese sabem o que será melhor para nós. Vivemos a era dos desapegos, seja de nós mesmos, seja daqueles que nos rodeiam ou mais ainda do mundo em que estamos inseridos e que nos foi dada a oportunidade de melhorá-lo; estamos aprendendo a como não lidarmos conosco mesmos, com aquilo que criamos e não sabemos mais como controlar, estamos numa infeliz fuga. 

Enquanto rolava a COP-30, já sabíamos que dias antes o atual presidente americano Donald Trump ordenou que seu governo retome imediatamente os testes com armas nucleares, fato esse que não acontecia desde o ano de 1992, a justificativa para tal decisão é que outros países vêm fazendo isso faz tempo e os Estados Unidos estariam numa posição inferior. Loucuras de todos os lados nos chegam, tais como o míssil Burevestnik, que pode permanecer voando por dias e atingir qualquer alvo em qualquer lugar do Planeta, ou ainda o Poseidon que possui em seu interior mecanismos capazes de desencadear tsunamis radioativos, o que pode afetar cidades e populações costeiras de modo totalmente incalculável; isso são apenas alguns acontecimentos que nos chegam de modo fragmentado vivemos  as loucuras modernas que em última instância significa a morte total. 

Muitos países trombeteiam que desejam ser líderes e protagonistas nas questões climáticas e ambientais, porém esses mesmos países se contradizem quando chega a hora derradeira de colocarem em ação as suas “pautas ambientais”, o governo brasileiro não foge a regra, antes mesmo de a COP 30 começar, fez uma barganha de dimensões inimagináveis aos olhos humanos, para que sejam liberados espaços para se buscar sempre mais o ouro negro, é como de costume a sua pauta financeira que prevalece, sem levar em conta estudos, pesquisas e clamores da sociedade civil para que tal fato não se consume. Nosso amado Brasil tem um péssimo histórico de avaliar, prever e antever riscos humanos e ainda mais os ambientais; caso essa exploração petrolífera se consuma nos próximos meses ou anos, as consequências virão, pois o “progresso” cobra o seu preço. 

Bioeticamente, ainda é prematuro afirmar, mas pudemos perceber claramente que a COP 30 ficou muito aquém do esperado sonho se tornar realidade, isto é, que os povos se dessem de verdade as mãos e juntos formassem uma coalização de interesses em prol da paz, da vida humana e extra-humana, manifestações esparsas foram e sempre serão louváveis, mas diante do gigante problema ambiental que nos rodeia, elas são frágeis e insignificantes; a democracia incutida de modo vago e impreciso nessa COP 30 foi apenas uma fachada, uma ilusão, democracia essa muito presente nos livros empoeirados e conversas para inglês ver e aplaudir e muito distante da realidade que temos ao nosso lado, enquanto o homem brincar de ser Deus e achar que a sua razão e conhecimento salvarão o mundo, corremos um sério risco de num futuro muito próximo provarmos desse veneno.  

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com