A eleição para a seccional paulista da Ordem ocorre nesta quinta-feira, 25. Durante a campanha, aliados dos candidatos trocaram “acusações” sobre os apoios de políticos e ligações partidárias. Os postulantes costumam fugir do assunto quando questionados sobre a relação com o mundo político.
Apesar de ser apontado pelos adversários como “conservador”, o candidato da situação, Caio Augusto, tem apoio de petistas e de advogados do PC do B para se reeleger, embora nenhuma das duas siglas tenha anunciado apoio formal. “Ele (Caio) abriu espaços para todas ideologias e não só para os grandes escritórios. É possível atuar na ordem sem misturar as estações”, disse o advogado da área civil Arnobio Rocha.
Filiado ao PT, Rocha é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, um órgão visado por partidos de esquerda. “A gente representa a advocacia, e não o partido”, afirmou.
A candidatura de Dora Cavalcanti, advogada criminalista que atuou na defesa de acusados na Lava Jato, reúne petistas de destaque. Ela conta com apoio de advogados como Luiz Eduardo Greenhalgh, José Eduardo Martins Cardozo e Marco Aurélio Carvalho. Boa parte do conselho da campanha de Dora é do grupo Prerrogativas, integrado por “progressistas” e “antilavajatistas”.
Apesar do grande número de nomes ligados ao PT no entorno de Dora, o ex – coordenador do setorial jurídico dalegenda, Marco Aurélio Carvalho, classifica como “inoportuna, indesejável e inconveniente” a participação de partidos políticos na OAB. “Não temos apoio de nenhum partido político. Quem acompanhou a campanha da Ordem sabe que recebemos apoios de todas os matizes. Posso citar os ex-ministros da Justiça, José Carlos Dias, Miguel Reali Júnior e José Eduardo Cardoso.”
Já Patrícia Vanzolini tem o apoio de Marcos da Costa (PTB), que foi candidato a vice-prefeito em 2020, na chapa de Celso Russomanno.
“Nosso partido é a advocacia paulista. Nossa chapa é resultado do Movimento 133, criado por nós para trazer a pauta de renovação política para a OAB. Queremos inserir a OAB no debate da renovação política, mas por caminhos próprios”, disse Patrícia.
PSL
Já o advogado Alfredo Scaff recebeu a adesão de advogados bolsonaristas durante a campanha – Carla Zambelli e Coronel Tadeu, ambos do PSL. “O fato de eu ter apoio de pessoas que apoiam o Bolsonaro não significa que sou bolsonarista”, defendeu-se o candidato.
Procurado, Caio Augusto negou que sua chapa tenha qualquer tipo de influência partidária. “Somos uma chapa de 176 pessoas. Provavelmente deve haver pessoas filiadas a algum partido, mas não sei quantas pessoas seriam, pois essa nunca foi uma questão de caráter decisório para compor ou não a chapa. O que não admitimos é que, enquanto membro eleito, se faça qualquer tipo de ativismo partidário dentro da gestão”, argumentou.
Lava Jato
Três dos cinco candidatos à presidência da OAB-SP criticaram a Operação Lava Jato e defenderam uma entidade apartidária em entrevista simultânea promovida ontem pelo Estadão. Para Dora Cavalcanti, Mário de Oliveira Filho e Patrícia Vanzolini, a operação violou prerrogativas da classe. Somente o candidato Alfredo Scaff preferiu não comentar sobre o assunto. Convidado, o atual presidente da entidade, Caio Augusto Silva dos Santos, não participou do debate com a justificativa de que estava em outros compromissos de campanha.
A advogada criminalista Patrícia Vanzolini disse que a condução do processo causou um “efeito nefasto” para a própria operação.
Mário Filho citou diretamente o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República, e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que deixou o cargo no Ministério Público. “Elegeram um alvo e para alcançar esse alvo pouco importou o que se fizesse quanto às regras processuais”, afirmou. Já Dora Cavalcanti disse que na Lava Jato as regras da Constituição Federal foram levadas ao limite. “E depois esse pêndulo retornou”, disse. Alfredo Scaff foi o único candidato que não quis comentar a operação por “preferir olhar para o futuro”. “É uma questão processual penal já decidida pelo Supremo”.
Dora Cavalcanti afirmou também que a OAB deve ser apartidária, mas que deve estar atenta para a defesa da democracia. “Sempre que temas que atentam contra a democracia vierem, pelo nosso juramento, a OAB tem que estar aberta ao debate”. Mario Filho se baseou no juramento da classe e disse não admitir qualquer “subversão da democracia, do estado democrático de direito e dos direitos humanos”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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