Atual presidente, Hernández, de 53 anos, não está disputando um novo mandato. Mesmo assim, sua sombra permeia as eleições presidenciais. Promotores de Justiça americanos alegam que o presidente hondurenho coordenou a ascensão de um “narco-Estado” e financiou suas campanhas com dinheiro obtido a partir de tráfico de drogas. Hernández nega as acusações, que emergiram em 2019, no julgamento por tráfico de drogas de seu irmão, em Nova York. O presidente não foi indiciado.
Eleições têm sido turbulentas em Honduras nos anos recentes, marcadas por fraudes e seguidas de protestos brutalmente reprimidos. Agora, com muitos analistas prevendo que Hernández será indiciado nos EUA, a luta pelo poder ficou ainda mais intensa. Pelo menos 31 assassinatos políticos ocorreram ao longo da campanha, o maior número já registrado no país, de acordo com o Observatório Nacional da Violência de Honduras. Entre os mortos estão candidatos ao Congresso e a cargos majoritários, e alguns de seus apoiadores.
A votação começou com pelo menos meia hora de atraso e mais de 5 milhões de cidadãos estavam aptos a votar até 17h no horário local (20h no horário de Brasília).
A candidata opositora do partido esquerdista ‘Libre’, Xiomara Castro, ex-primeira-dama, era a favorita, mas o governante Partido Nacional (PN), de direita, cujo candidato era o prefeito de Tegucigalpa, Nasry Asfura, se beneficiou de uma melhor organização e oportunas campanhas do governo de entrega de auxílios a famílias vulneráveis.
Ao votar, Xiomara, mulher do ex-presidente Manuel Zelaya, pediu a seus eleitores que não caíssem em provocações. “Vão tentar provocar o povo, entendemos que há desespero, especialmente daqueles que estiveram governando nesses 12 anos, mas o povo deve ter confiança”, afirmou.
EFEITO DOMINÓ
As consequências de uma eleição com resultados contestados poderiam reverberar muito além das fronteiras de Honduras. A agitação política contribuiu para um aumento da migração de hondurenhos desde 2018, incluindo várias caravanas em massa com destino aos EUA. Um novo fluxo migratório poderia complicar a situação do governo do presidente Joe Biden, que já enfrenta dificuldades em relação ao tema, frente às detenções recordes de migrantes na fronteira de seu país com o México.
As eleições hondurenhas ocorrem num momento em que as relações dos EUA com outros países centro-americanos têm azedado – especialmente Nicarágua e El Salvador, cujos líderes têm se tornado cada vez mais autoritários.
“Este é um momento-chave não apenas para Honduras, mas para toda a América Central e para o restante da região”, afirmou ao Washington Post uma graduada autoridade do Departamento de Estado em Washington. “Um bom resultado, transparente e democrático, que reflita a vontade do povo hondurenho, mandaria uma importante mensagem.”
CORRUPÇÃO
Um instituto independente de análise, o Conselho Nacional Anti-Corrupção, afirmou que 50 dos 70 deputados que tentam se reeleger para a legislatura de 128 assentos são suspeitos de corrupção.
Suspeitas de corrupção rondam vários candidatos presidenciais. Nasry Asfura, candidato do Partido Nacional, foi acusado por promotores de Justiça hondurenhos no ano passado de desviar mais de US$ 1 milhão em seu recente mandato como prefeito de Tegucigalpa. (Ele nega a acusação). Yani Rosenthal, candidato do Partido Liberal, já cumpriu pena de três anos de prisão nos EUA por lavagem de dinheiro. Ainda que Xiomara Castro não enfrente nenhuma suspeita direta, um narcotraficante hondurenho testemunhou este ano que pagou uma propina de US$ 500 mil a Manuel Zelaya quando ele ainda era presidente. Zelaya nega.
O governo Biden insiste que não tem favorito na disputa presidencial em Honduras.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos para a América Latina, Brian Nichols, foi enviado a uma reunião com os candidatos, enquanto observadores internacionais tentaram garantir eleições transparentes(Com agências internacionais)
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