Eleito deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Tadeu Veneri esteve na redação do Diário do Sudoeste e conversou com a reportagem após o pleito eleitoral. Entre outros assuntos, falou do trabalho na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), onde exerceu mandato por 20 anos, e relembrou de pautas que advogou nesse período. Agora, com mandato em Brasília, na Câmara dos Deputados, o parlamentar promete pautar alguns temas. Entre eles, destaque para a questão da agroecologia e a situação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
No caso da agroecologia, o parlamentar explica que há um projeto em curso para transformar Pato Branco num polo dentro da área. O objetivo é estruturar o município para que possa receber incentivos e qualificação técnica. “Quando a gente fala de produção agroecológica, é preciso entender que é uma produção que exige mais, tem um custo maior e precisa ser incentivada”, justifica fazendo a comparação com o Plano Safra, o qual destinou em torno de 90% dos recursos para os grandes produtores. Para ele é preciso dar condições aos pequenos e médios também.
A intenção do deputado é discutir a questão e canalizar recursos para a área. No entendimento dele, investimentos podem reforçar essa vocação e contribuir para o aumento da renda dos produtores e da oferta de produtos saudáveis para os consumidores. “É preciso diversificar a produção”. Citando o exemplo dos queijos catarinenses, da região da serra, que concorrem e ganham prêmios, o deputado lembra que na região não há nenhum curso exclusivo e dedicado a produção de queijos de alta qualidade, por exemplo.
Veneri vê, no incentivo, na qualificação técnica e no acompanhamento, um caminho para garantir a manutenção e a sucessão das propriedades. “É regra. Todo jovem que termina o ensino médio dificilmente fica no campo. Ele sai procurar oportunidades na cidade”, observa.
Outro ponto que deve ser pautado pelo parlamentar na Câmara é o ICMS ecológico. “O que eu tenho debatido e espero aprofundar é o pagamento por serviços ambientais para os produtores rurais”, registra Veneri. Ele entende que, principalmente para o pequeno produtor, isso pode se tornar uma renda a mais. Nessa linha, o deputado lembra que há um projeto de lei para ser votado na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep) que permite receber e vender crédito de carbono. “Hoje quem preserva não recebe nada, mas quem desmata, paga uma multa e produz soja”, lamenta.
Embora seja uma pauta positiva, Veneri entende que há um problema a ser vencido. Ele percebe que a certificação das propriedades, que hoje são feitas por empresas privadas, se torna onerosa ao produtor. Para resolver isso ele sugere parcerias com universidades e institutos. “Precisamos ter nessas universidades um debate de como agregar renda ao pequeno e médio produtor”.
Samu
Tema que também deve ser posto na mesa na Câmara dos Deputados, a questão Samu é vista pelo político como uma questão desafiadora. Para ele não é possível fazer políticas de saúde pública sem dinheiro. Por isso, defende que a responsabilidade, no caso do Samu, precisa ser dividida. “O município não pode arcar com a maior parte dos custos como acontece hoje”. No entendimento dele o congelamento dos repasses gerou um desequilíbrio, o qual demora para ser recuperado.
Ciente que algumas regiões passaram por situações críticas, como é o caso do Sudoeste que teve sinalização de paralisação, o parlamentar vê a situação como um desafio para o Congresso. “Precisamos de mais recursos para os municípios e menos em Brasília”, opina.
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