Em 2020, todas as mulheres de Pato Branco detectadas com sífilis estavam grávidas

Total de casos registrados no município, no ano passado, diminuiu em relação a 2019; queda nos diagnósticos está diretamente ligado a covid-19

No ano passado, Pato Branco registrou 35 novos casos de sífilis. Em comparação com 2019, o dado representa uma queda de 74,82% na contaminação da infecção sexualmente transmissível (IST) no município.

De acordo com a enfermeira Tatiane Zierhut, que atua na Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, a queda está diretamente relacionada a pandemia de covid-19, que ocasionou o isolamento social e, por consequência, o adiantamento de testes preventivos. Esta realidade do município é, também, presenciada em todo Brasil.

“Mesmo que o banco de dados de 2020 não esteja complemente fechado, houve, sim, uma diminuição na procura pelos testes no ano passado. Mas, neste ano, já sentimos o aumento da procura e dos casos confirmados”, contou Tatiane.

No município, de acordo com dados da epidemiologia, 51,4% da população contaminada com a sífilis é do sexo masculino (18 homens). E as outras 18 mulheres com a doença (48,6%), são todas grávidas. Um das gestantes contabilizadas em 2020, foi diagnosticada em 2019, por isso não consta como saldo total do ano passado.

Sífilis e gravidez

A presença da doença em grávidas não é novidade em Pato Branco. Conforme apontam os dados da Vigilância Epidemiológica, em 2019, 67,1% dos casos da doença, em mulheres, se manifestaram em gestantes. Já em 2018, o índice, um pouco menor, ainda chamava atenção. Naquele ano, 63,1% das mulheres diagnosticadas com a sífilis estavam esperando um bebê.

Assim como em 2020, que as gestantes representavam 100% dos casos da doença em mulheres, a IST foi detectada, nos outros anos, no primeiro trimestre da gravidez — período em que a mulher precisa fazer uma série de exames importantes para acompanhar a saúde da criança.

Entre 2018 e o ano passado, a sífilis foi confirmada, em mais de 50% dos casos, em mulheres na faixa etária dos 20 a 29 anos.

Com relação a escolaridade, grávidas com Ensino Médio Completo são o maior público afetado. Em 2018 corresponderam a 31,5% do total de casos; em 2019, 47,1%; e em 2020, 55,6%.

Desde 2005 até o ano passado, grávidas brancas, foram as mais contaminadas com a doença em Pato Branco.

Ainda conforme a Vigilância Epidemiológica, desde 2016, os dados do município apontam que a sífilis foi descoberta pela maioria das grávidas como sendo Latente — que é assintomática, sem sinais ou sintomas.

Sífilis congênita

Em 2020 não foi registrado nenhum caso de sífilis congênita, que é quando a doença é transmitida da mãe para o filho durante a gestação. Já em 2019, foram dez casos e em 2018, 18.

Onde fazer o teste para a sífilis?

Em Pato Branco, todas as unidades de saúde dos bairros, assim como a unidade central e o Centro de Orientação e Apoio Sorológico (Coas) — situados na rua Paraná — realizam o teste para a IST, dentro de seu horário de funcionamento.

Diagnóstico

As ISTs podem ser diagnosticadas por meio de um teste rápido, oferecido gratuitamente pelas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento é feito com a penicilina, mais conhecida por benzetacil. Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Esse é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical (passagem da sífilis da mãe para o bebê).

A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante que foi tratada. São critérios de tratamento adequado da gestante: Administração de penicilina benzatina. Início do tratamento até 30 dias antes do parto. Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis.

É preciso respeitar o intervalo recomendado das doses (a cada 7 dias, de acordo com o esquema terapêutico). Importante que toda gestante diagnosticada com sífilis, após o tratamento, realize o seguimento mensal, com teste não treponêmico, para controle terapêutico.

Fonte: AEN

Sinais e sintomas

Sífilis primária

Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”;

Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha;

Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.

Sífilis secundária

Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial;

Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias.

Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo;

As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.

Sífilis latente

Não aparecem sinais ou sintomas;

É dividida em: latente recente (até um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção);

A duração dessa fase é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.

Sífilis terciária

Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção;

Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Fonte: Ministério da Saúde

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