Além de Duda, Angelina, Geyse, Julia Bianchi e Ludmila também entraram em campo pela primeira vez em Jogos Olímpicos em Tóquio. “Caramba, na última Olimpíada eu estava na minha casa assistindo aos jogos, transmitindo aquela energia positiva para as meninas que eu sempre admirei. A gente sabe o quanto é difícil estar aqui, era o meu sonho. Para mim, é motivo de muita felicidade estar representando a Seleção Brasileira e fazer parte do grupo”, vibrou a meia Duda.
Aos 26 anos, ela foi titular nas duas partidas da seleção em Tóquio. Na estreia, iniciou a jogada do segundo do Brasil sobre a China, marcado por Debinha. A parceria voltou a funcionar contra a Holanda, quando Duda recebeu da atacante na ala direita e devolveu com a assistência para o primeiro gol na partida.
O bloqueio holandês, porém, não foi o único que a meia teve que quebrar. Como a modalidade que disputa, ela também carrega consigo as barreiras que teve de derrubar para alcançar seus objetivos. Mulher, negra e nordestina, Duda não esquece cada passo de sua trajetória até Tóquio.
“Eu me sinto honrada por isso. Eu trabalhei muito para chegar até aqui, quem me conhece sabe o quanto eu sou dedicada a isso. É sensacional, sem sombras de dúvidas. A gente sabe o quanto sofre de preconceito em relação a tudo, a ser nordestina, por exemplo. Mas estou de cabeça erguida e espero que a gente possa fazer um excelente trabalho”, disse.
BAGAGEM DE GENTE GRANDE – Aos 23 anos, Geyse já tem um currículo extenso, que ganha em Tóquio seu registro mais marcante. A atacante estreou na seleção principal no Mundial da França, em 2019. Atuou no futebol europeu nas últimas cinco temporadas, com passagens por Benfica e pelo Madrid CFF, clube que defende atualmente.
Em 2018, no Sul-Americano Sub-20, a artilheira marcou 12 gols em apenas sete jogos. Em Tóquio, entrou no segundo tempo contra a Holanda, substituindo ninguém menos que Marta e levando perigo à defesa holandesa. Ela espera, agora, escrever seu nome na história da seleção principal – se possível, com a conquista do ouro inédito.
“É um sonho de criança realizado. Sinto orgulho em representar o meu país. Foi difícil chegar onde estou hoje, principalmente para ser convocada à minha primeira Olimpíada. Tive que trabalhar bastante para conquistar a vaga, tentei dar o meu melhor em todas as oportunidades que tive para me tornar uma delas. Com muita união e muita força, trabalharemos para chegar ao nosso grande objetivo”, disse.
Caçula entre as que já estrearam, a meia Angelina ainda era uma adolescente de 16 anos nos Jogos do Rio-2016. A convocação para Tóquio, aos 45 do segundo tempo, a pegou totalmente de surpresa. Nome que fechou a lista da técnica Pia Sundhage, Angelina substituiu Adriana, cortada após sofrer uma lesão no menisco. E não conteve o choro de emoção ao receber a notícia de que iria à Olimpíada.
“Estar aqui é um sonho que eu não acreditava que realizaria agora. Recebi a notícia num momento que eu não esperava: eu estava a caminho de um jogo do meu clube, em Houston, quando soube que tinha sido convocada. Foi um momento de muita alegria, eu não consegui conter minhas emoções e chorei bastante”, contou.
A meia sonhou muitas vezes com sua estreia pela seleção principal. Mas a realidade veio ainda melhor que a encomenda: em Jogos Olímpicos, contra as atuais campeãs europeias e vice-campeãs mundiais, na partida de mais alto nível da modalidade até o momento nesta edição.
“Entrar pela primeira vez com a Seleção Principal em campo foi muito especial. E ainda numa Olimpíada! Eu não poderia pedir nada melhor que isso. Sempre admirei muito a Andressinha, a Marta, e sempre foi um sonho jogar com elas. É incrível e eu estou muito feliz por essa oportunidade”, celebrou Angelina, que tem mais um sonho na lista: o ouro.
“Vejo uma caminhada longa, mas não impossível. Acredito que esse grupo é muito talentoso e estamos na mesma página, com o mesmo objetivo, então creio que vai dar tudo certo”, concluiu.
Completando o quinteto de calouras que já fizeram suas estreias, a meia Julia Bianchi e a atacante Ludmila tiveram experiências diferentes na competição. As duas foram utilizadas por Pia já no primeiro jogo, contra a China, mas Ludmila viveu um momento ainda mais especial na segunda rodada.
Uma das três substituições realizadas por Pia Sundhage no intervalo da partida, Ludmila comandou a virada do Brasil no jogo. Com um gol marcado e um pênalti sofrido, a atacante ajudou a seleção a abrir 3 a 2 no placar. A Holanda ainda empataria o jogo, mas nada que tirasse o prazer e a alegria de Ludmila em ajudar o seu país dentro de campo.
“O que eu quero é jogar. Se começando a partida ou entrando no segundo tempo, não importa: quero jogar, ser feliz e ajudar a Seleção. Hoje eu pude sentir o que a Marta, a Bia e a Debinha sentem: marcar gols importantes em Jogos Olímpicos”, declarou Ludmila.
Com o talento das cinco promessas e de todo o elenco, a seleção feminina se prepara para o próximo desafio pelos Jogos Olímpicos. Nesta terça-feira, o Brasil enfrenta a Zâmbia, pela última rodada da fase de grupos da competição.
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