“A noção de governo interino tem de desaparecer completamente, não podemos continuar com folha de pagamento, com uma burocracia que no ano passado envolveu quase 1.600 pessoas”, disse Borges a jornalistas durante videoconferência da Colômbia na qual anunciou sua renúncia à posição de colaborador de Guaidó, segundo ele, para facilitar o processo de reconstrução dentro da oposição.
Guaidó foi reconhecido como presidente interino da Venezuela pelos EUA e outros 50 governos, incluindo o Brasil, embora na prática não tenha conseguido destituir do poder o presidente Nicolás Maduro. Guaidó não comentou a decisão do ex-aliado.
O opositor, que vive exilado em Bogotá, propôs a reconstrução de um espaço que inclua partidos políticos anti-Chávez e a sociedade civil para acumular forças e ganhar legitimidade dentro e fora da Venezuela.
“É preciso reformar tudo o que se convencionou chamar de governo interino”, disse Borges, que apresentará na terça-feira, 7, em Caracas, suas propostas a uma comissão da Assembleia Nacional formada por parlamentares eleitos em 2015 e cuja validade expirou em janeiro de 2021.
O dirigente advertiu que a luta da oposição para sair da ditadura de Maduro, cuja reeleição em 2018 não reconhece por considerá-la fraudulenta, perdeu a legitimidade.
A proposta de Borges busca uma mudança de rumo na oposição, pulverizada por fraturas profundas que ficaram evidentes nas eleições regionais de 21 de novembro. A votação foi realizada após o retorno dos principais partidos da oposição depois de vários anos de boicote, mas com poucos acordos sobre candidaturas unitárias.
Borges também questionou os atos de corrupção que afetaram o governo interino. “A questão dos bens (fora da Venezuela) é realmente um escândalo, não há vontade política dos partidos de fazer o que é preciso: criar um fundo para que esses bens sejam separados da gestão dos partidos políticos, principalmente o partido de Juan Guaidó, para que haja independência, transparência, clareza”, disse Borges. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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