Comida como ferramenta de transformação social é a bandeira do chef David Hertz, idealizador da Gastromotiva. A ONG, que apoia o pequeno produtor e a luta contra o desperdício do alimento, tem também uma importante frente de educação gratuita que não só capacita milhares de pessoas para trabalhar com cozinha profissional, como forma novos empreendedores da gastronomia. São pessoas que, até passarem por lá, muitas vezes sequer faziam ideia de que poderiam ter um negócio. “O grande desafio é a virada de chave, é entender que pode sair do intuitivo e informal para ir para o planejado”, conta Hertz.
Segundo ele, as maiores dificuldades de quem chega para fazer o curso “Empreenda: faça e venda” são o acesso ao crédito, lidar com burocracias e impostos e ter um custo fixo organizado, sem misturar o lado financeiro pessoal com o do negócio. “A outra parte é o marketing. Muitas coisas começaram por necessidade ou por causa de um sonho e a pessoa precisa entender que essa história é importante”, diz Hertz.
O curso da ONG trabalha uma visão 360 graus do empreendimento, apoiando-se em três tópicos – técnica, gestão e marketing e comunicação, para que os alunos se coloquem como protagonistas. “É ir da doceira de porta de casa à empreendedora de confeitaria”, ele exemplifica.
Hertz lembra ainda da importância que os pequenos negócios têm para as comunidades, tanto no desenvolvimento econômico quanto na educação e mudança da relação das pessoas com a comida. “Essas iniciativas geram renda e emprego na comunidade, têm um papel de empoderamento local. Quando você leva empreendedorismo de qualidade e acesso, muda a comunidade e cria a esperança de que é possível prosperar”, ele destaca.
Produtos da Mata Atlântica
Ex-aluno da Gastromotiva, Ivanio Carvalho já trabalhava com patês, antepastos e geleias naturais feitas com frutas nativas da Mata Atlântica quando entrou no curso. À frente da marca Barão do Cambuci, ele conta que sentia falta de um toque de profissionalismo.
“Antes de conhecer a Gastromotiva eu já fazia alguns eventos, mas era muito amador. Não tinha o conhecimento que tenho hoje”, relata o empreendedor, que afirma ter aprendido tanto sobre a formalização do trabalho com gastronomia quanto como ser humano. “Estar num grupo de pessoas tão diferentes, mas com o mesmo objetivo de ter reconhecimento, de ser alguém, fez com que eu sentisse que pertencia à sociedade.”
Apesar do baque da pandemia, que suspendeu feiras e eventos ao redor do mundo, Ivanio fala que seu negócio, que fica em Guaianazes, zona leste paulistana, teve fôlego para sobreviver. “Comecei a puxar clientes pela internet, oferecer meu produto, correr atrás de clientes antigos”, relata. “O Barão do Cambuci simboliza força e renascimento para mim. Hoje estou aqui, um profissional feliz que ama o que faz.”
Da cantina de igreja para a TV
Jocimara Ribeiro, mais conhecida como Dona Jo, também saiu de um sistema caseiro para empreender. Ela era voluntária em uma cantina de igreja e fazia alguns trabalhos, como cozinhar na casa de clientes, quando uma amiga falou sobre a Gastromotiva. Dona Jo se inscreveu e participou do processo seletivo. Para dar conta de tudo, fazia bico em um restaurante na parte da manhã, estudava na ONG à tarde e preparava suas tortas e quiches à noite.
“Por muitas vezes eu ia para o curso sem comer porque não tinha dinheiro”, lembra a chef. “Passei por alguns momentos difíceis e de querer desistir, mas aí eu me motivava por estar lá, que foi o maior presente que tive.” Com o curso, ela fala que aprendeu a fazer ficha técnica, precificar e também a olhar o empreendimento não só como venda de tortas, mas de uma experiência. “Me ajudou a acreditar no meu negócio”, afirma.
Hoje a Torteria Dona Jo fica em um bairro da zona sul de São Paulo, mas a empreendedora faz ações em outras regiões da cidade para captar mais clientes. A fama de suas receitas também abriu outras portas: a chef virou figura carimbada de quadros de culinária em programas da televisão aberta, nos quais marca presença há mais de um ano.
Sabor e produto diferente
Outro que saiu da Gastromotiva com olhar empreendedor foi o carioca Ednardo Fonseca, hoje cozinheiro profissional e criador, ao lado da mulher, do Sal da Terra. Moradores da Baixada Fluminense, eles contam que a ideia surgiu com a vontade que compartilhavam de ter uma alimentação mais saudável e ao mesmo tempo acessível. “A gente consome um produto muito ruim e que faz parte do nosso dia a dia, que a gente usa de forma banal”, fala Maylin Alves Souza, parceira do ex-aluno da ONG na empreitada.
O sal deles, que vem de Mossoró (RN) e não passa por qualquer tipo de refino, é misturado a diferentes especiarias e cuidadosamente embalado. “A gente também faz um trabalho de formação de público”, diz Fonseca. “Não é só um produto gourmet ou natural. A gente leva informações sobre a importância da troca do sal refinado pelo sal marinho e do ganho que você tem porque as especiarias também têm uma função para o corpo.”
Como os dois já têm trabalhos formais, o negócio se tornou uma fonte de renda extra. “A gente também procura praticar um valor justo, dependendo da região e do poder aquisitivo de cada um, para que as pessoas realmente possam comprar”, conta Maylin. “Aqui na Baixada, nosso principal foco de mercado até agora, algumas pessoas até relatam mudanças no controle da pressão.”
Segundo ele, as maiores dificuldades de quem chega para fazer o curso “Empreenda: faça e venda” são o acesso ao crédito, lidar com burocracias e impostos e ter um custo fixo organizado, sem misturar o lado financeiro pessoal com o do negócio. “A outra parte é o marketing. Muitas coisas começaram por necessidade ou por causa de um sonho e a pessoa precisa entender que essa história é importante”, diz Hertz.
O curso da ONG trabalha uma visão 360 graus do empreendimento, apoiando-se em três tópicos – técnica, gestão e marketing e comunicação, para que os alunos se coloquem como protagonistas. “É ir da doceira de porta de casa à empreendedora de confeitaria”, ele exemplifica.
Hertz lembra ainda da importância que os pequenos negócios têm para as comunidades, tanto no desenvolvimento econômico quanto na educação e mudança da relação das pessoas com a comida. “Essas iniciativas geram renda e emprego na comunidade, têm um papel de empoderamento local. Quando você leva empreendedorismo de qualidade e acesso, muda a comunidade e cria a esperança de que é possível prosperar”, ele destaca.
Produtos da Mata Atlântica
Ex-aluno da Gastromotiva, Ivanio Carvalho já trabalhava com patês, antepastos e geleias naturais feitas com frutas nativas da Mata Atlântica quando entrou no curso. À frente da marca Barão do Cambuci, ele conta que sentia falta de um toque de profissionalismo.
“Antes de conhecer a Gastromotiva eu já fazia alguns eventos, mas era muito amador. Não tinha o conhecimento que tenho hoje”, relata o empreendedor, que afirma ter aprendido tanto sobre a formalização do trabalho com gastronomia quanto como ser humano. “Estar num grupo de pessoas tão diferentes, mas com o mesmo objetivo de ter reconhecimento, de ser alguém, fez com que eu sentisse que pertencia à sociedade.”
Apesar do baque da pandemia, que suspendeu feiras e eventos ao redor do mundo, Ivanio fala que seu negócio, que fica em Guaianazes, zona leste paulistana, teve fôlego para sobreviver. “Comecei a puxar clientes pela internet, oferecer meu produto, correr atrás de clientes antigos”, relata. “O Barão do Cambuci simboliza força e renascimento para mim. Hoje estou aqui, um profissional feliz que ama o que faz.”
Da cantina de igreja para a TV
Jocimara Ribeiro, mais conhecida como Dona Jo, também saiu de um sistema caseiro para empreender. Ela era voluntária em uma cantina de igreja e fazia alguns trabalhos, como cozinhar na casa de clientes, quando uma amiga falou sobre a Gastromotiva. Dona Jo se inscreveu e participou do processo seletivo. Para dar conta de tudo, fazia bico em um restaurante na parte da manhã, estudava na ONG à tarde e preparava suas tortas e quiches à noite.
“Por muitas vezes eu ia para o curso sem comer porque não tinha dinheiro”, lembra a chef. “Passei por alguns momentos difíceis e de querer desistir, mas aí eu me motivava por estar lá, que foi o maior presente que tive.” Com o curso, ela fala que aprendeu a fazer ficha técnica, precificar e também a olhar o empreendimento não só como venda de tortas, mas de uma experiência. “Me ajudou a acreditar no meu negócio”, afirma.
Hoje a Torteria Dona Jo fica em um bairro da zona sul de São Paulo, mas a empreendedora faz ações em outras regiões da cidade para captar mais clientes. A fama de suas receitas também abriu outras portas: a chef virou figura carimbada de quadros de culinária em programas da televisão aberta, nos quais marca presença há mais de um ano.
Sabor e produto diferente
Outro que saiu da Gastromotiva com olhar empreendedor foi o carioca Ednardo Fonseca, hoje cozinheiro profissional e criador, ao lado da mulher, do Sal da Terra. Moradores da Baixada Fluminense, eles contam que a ideia surgiu com a vontade que compartilhavam de ter uma alimentação mais saudável e ao mesmo tempo acessível. “A gente consome um produto muito ruim e que faz parte do nosso dia a dia, que a gente usa de forma banal”, fala Maylin Alves Souza, parceira do ex-aluno da ONG na empreitada.
O sal deles, que vem de Mossoró (RN) e não passa por qualquer tipo de refino, é misturado a diferentes especiarias e cuidadosamente embalado. “A gente também faz um trabalho de formação de público”, diz Fonseca. “Não é só um produto gourmet ou natural. A gente leva informações sobre a importância da troca do sal refinado pelo sal marinho e do ganho que você tem porque as especiarias também têm uma função para o corpo.”
Como os dois já têm trabalhos formais, o negócio se tornou uma fonte de renda extra. “A gente também procura praticar um valor justo, dependendo da região e do poder aquisitivo de cada um, para que as pessoas realmente possam comprar”, conta Maylin. “Aqui na Baixada, nosso principal foco de mercado até agora, algumas pessoas até relatam mudanças no controle da pressão.”
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