O professor universitário e presidente do Clube de Tiro de Pato Branco, André Soares, encontra-se em Canoas, Rio Grande do Sul, colaborando com outros voluntários que já estão atuando nos pontos mais críticos da inundação devastadora que atingiu o estado. Ele saiu de Pato Branco no final da tarde de segunda-feira, 6, em uma camionete repleta de donativos, chegando a Canoas no início da manhã de terça-feira, ainda sem previsão de retorno.
O deslocamento e permanência no Rio Grande do Sul serão viabilizados com o apoio de associados do Clube de Tiro, que estarão prestando todo suporte com os recursos necessários. Além disso, o empresário Evandro Chioquetta disponibilizou um avião, e agora, André está tentando agendar uma reunião com a primeira-dama na cidade afim de organizar a melhor maneira de utilização da aeronave.
Condições dramáticas
André relata que a situação é bem mais dramática que se imagina. Quando chegou, logo deparou-se com uma realidade muito mais complexa do que tinha em mente.
No maior bairro da cidade, Matias Velho, por exemplo, a inundação é particularmente severa devido à sua proximidade com os rios Gravataí, dos Sinos e Jacuí, desaguando no Guaíba. O bairro é densamente povoado e está totalmente submerso. Essas condições resultaram em cerca de 180 mil pessoas sendo afetadas de alguma forma em toda a cidade de Canoas, muitas das quais ainda estão ilhadas em suas casas, sem acesso a comida ou água potável. A cidade tem em torno de 350.000 habitantes. “Estamos falando de um grande desafio de resgate, com talvez 150 mil pessoas precisando ser retiradas de pontos inundados”, analisa, lembrando que em um barco, normalmente se transportam 2 ou 3 pessoas por vez. “Os ginásios, CTGs, escolas e órgãos públicos estão sendo usados como abrigos temporários. Todos já lotados, estão sendo obrigados a informar na entrada que não podem receber mais pessoas.”
Ao chegar em Canoas, André se uniu às equipes dos Legendários, também de Pato Branco, que já estão na cidade desde domingo. Entre outras ações, estão trabalhando em um galpão de triagem e seleção de doações. Ali, os itens são classificados, montamos em kits com alimentos, fraldas geriátricas, equipamentos de limpeza e higiene pessoal, e carregados em vans da prefeitura para distribuição nos abrigos.
Saques e furtos contrastam com a solidariedade
Lamentavelmente saques, furtos ou tentativas, inclusive de barcos, têm acontecido. Apesar disso, André reforça que o que predomina são as manifestações de solidariedade e empatia.
Toda a cidade de Canoas está completamente desabastecida de água potável. As estações de tratamento de água estão submersas ou sem energia elétrica. A população enfrenta dificuldades para ter acesso à água para beber, cozinhar e até mesmo para tomar banho. Para contornar essa situação, caixas d’água são distribuídas nas esquinas, e caminhões-pipa da prefeitura as enchem regularmente. Pessoas formam filas com galões e baldes para coletar água.
André conta ainda que, outra alternativa está sendo o uso de poços artesianos, desde que haja energia elétrica disponível. Algumas pessoas que têm condições de retirar a água desses poços, fornecem para outras na comunidade. André presenciou ainda, uma caminhonete com uma grande caixa d’água em cima, sendo abastecida por sobre os muros de residências por meio de uma mangueira.
Outra imagem observada por ele tem sido o compartilhamento da própria residência com pessoas que perderam as suas. Segundo André, é possível ver pessoas sendo hospedadas em casas, seja na casa de parentes ou amigos, ou, possivelmente, até mesmo em residências de desconhecidos. “É possível ver várias casas com um grande número de pessoas reunidas em seus pátios ou na frente das casas, sentadas e tomando mate. Na verdade, essas pessoas estão acampadas dentro das casas, utilizando suas estruturas, mas optam por passar o tempo do lado de fora para não ficarem todas aglomeradas dentro. Essa é outra forma que a comunidade encontrou para acolher e ajudar os desabrigados durante essa situação difícil”, descreveu André.
Doações podem ser feitas pelo canal de doações SOS Rio Grande do Sul com a chave Pix CNPJ 92.958.800/0001-38.
Para a ação do Grupo Legendários a chave Pix é 46991157272.
Doações Campanha SOS RS
De 2 a 8 de maio
O que doar: alimentos não perecíveis, água, produtos de higiene, produtos de limpeza
Onde doar: qualquer quartel do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná e postos da Brigada Comunitária.
Pato Branco: Unidade sede do 13°GB – Rua Presidente Kennedy, n° 170, Bairro Bortot.
Coronel Vivida: Quartel do Corpo de Bombeiros – Rua Clevelândia, n° 789, Bairro São Luiz.
Palmas: Quartel do Corpo de Bombeiros – Rua José Joaquim Bahls, n° 1436, Bairro Alto da Glória.
Clevelândia: PBC Clevelândia – Rua Marechal Borman, n° 525, Centro.
Chopinzinho: PBC Chopinzinho – Avenida Getúlio Vargas, n° 4704, Bairro São Sebastião.
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