Com as arquibancadas vazias, foi possível até mesmo esperar pelo apito inicial para se ter conversas mais reservadas. Foi o que fez o técnico Tite assim que chegou ao estádio.
Pouco mais de uma hora antes da partida, ele e o analista de desempenho Bruno Baquete deram uma volta inteira pela lateral do gramado. A conversa só foi interrompida quando a dupla chegou à linha de fundo e passou a ser alvo de dezenas de cliques de fotógrafos que já estavam a postos para o jogo.
O estádio vazio permitiu que o técnico ouvisse o som frenético das câmeras, o que o fez recordar de um momento não muito agradável de sua trajetória à beira do campo.
“Da última vez, quando eu estava para ser demitido do Grêmio, olhei para trás e estava cheio de fotógrafo fazendo esse ratatá aí”, brincou Tite. Nos primeiros dias deste mês, o treinador conviveu com a possibilidade de ser demitido pelo presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, que estava temeroso de que a seleção boicotasse a Copa América.
O silêncio que permitiu a Tite ouvir até mesmo o barulho das câmeras foi outro fato raro em um jogo da seleção brasileira. Enquanto que à tarde os brasileiros puderam ver pela TV estádios parcialmente ocupados pela torcida na Eurocopa, na Copa América no Brasil os portões precisam permanecer fechados até o fim da competição. Isso porque o país segue com média diária de duas mil mortes por covid-19, e até o momento imunizou pouco mais de 11% da população com duas doses da vacina.
Assim, nas horas que antecederam à partida e até mesmo durante seu desenrolar, havia mais gente do lado de fora do Engenhão do que dentro dele. Mesmo que Brasil x Peru duelassem no campo pela Copa América, no entorno do estádio o que se via era vida normal, com pessoas fazendo suas caminhadas, correndo ou empinando bicicletas em uma das escadarias que dão acesso ao estádio.
Há dois anos, quando o Brasil sediou por direito – e não por improviso – a Copa América, o entorno dos estádios tinha circulação restrita de pessoas e policiamento reforçado.
Dessa vez, o máximo de torcida que a seleção teve no jogo foi a dos cartolas da CBF. O presidente em exercício, coronel Antônio Carlos Nunes, foi um deles, além de parte dos seus vices. O novo secretário-geral da entidade, Eduardo Zebini, também esteve presente. Já o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, preferiu ir à Goiânia para acompanhar a partida entre Colômbia e Venezuela.
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