O primeiro grande desafio não estava nos planos, mas foi uma grata surpresa: aos 16 anos, Carol disputou seu primeiro Pré-Olímpico sem grandes pretensões. Graças aos seus treinamentos, garantiu a classificação e foi a Londres representar o Brasil nos Jogos de 2012.
“Aconteceu muita coisa na minha carreira de 2012 para cá. Em Londres, eu não tinha pretensão nenhuma de classificação, só tinha 16 anos, era meu primeiro Pré-Olímpico. Não estava na minha cabeça classificar. Mas foi resultado de muito trabalho, meu e da minha equipe técnica. Aconteceu e mudou o rumo da minha carreira em termos de investimento, foi muito importante”, relembrou a atleta.
No ciclo seguinte, um novo cenário se construía. Para ela, a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, tinha um grande peso: não só por ser sua segunda participação, mesmo aos 21 anos, mas por jogar em seu país. “Viemos jogar uma Olimpíada em casa. Eu já tinha o grande objetivo de classificar, tinha uma pressão bem grande. Senti uma certa obrigação de conseguir aquele objetivo”, contou Carol.
Um outro grande obstáculo chegou em 2017, com questões particulares que afetaram seu desempenho nas mesas. O momento afetava não só seu condicionamento físico, mas também testava seu foco mental. A sensação era de que não daria mais para voltar em alto nível. E quando viu que era possível, não imaginava que o resultado seria tão imediato.
“O ciclo olímpico, para mim, estava perdido. Ia lutar para 2024. Mas consegui voltar mais rápido que o esperado, a Gui Lin parou de jogar e abriu esse espaço na Seleção de novo. As coisas aconteceram muito rápido, consegui boas vitórias nesse período curto para reconquistar meu espaço. Foi muito gratificante, me sinto uma atleta mais tranquila. Com mais maturidade para jogar”, comemorou.
Sua capacidade de adaptação foi colocada à prova novamente em 2020. Depois voltar a fazer “bons jogos, com boas vitórias” em 2019, Carol Kumahara passou a morar fora do Brasil, vivendo na Espanha e jogando em dois clubes ao mesmo tempo: no Tecnigen Linares, da Superdivisão Espanhola; e no Tennistavolo Norbello, da Serie A1, na Itália. No total, foram sete meses de aprendizado e amadurecimento, mas também de bastante dedicação.
“Na questão cultural, os dois países são um pouco parecidos, não muda tanto. Mas é muito cansativo. Apesar de eu ter feito poucos jogos na Itália, essa questão de viajar e jogar foi bem cansativa para mim. Não esperava que fosse ser tanto, mas foi. Não pretendo fazer tão em breve de novo. Acho que o ideal é ficar mais concentrada em uma liga só”, refletiu a atleta.
Mas se por um lado a rotina de viagens, treinos e jogos era cansativa, por outro também obrigou Carol a se preparar em alta intensidade. Como nos outros momentos de sua trajetória, a adaptação fez o jogo virar a seu favor. “Jogando liga você fica sem alternativa, precisa pegar ritmo de jogo. Isso é uma coisa bem positiva. Apesar de a liga ter sido mais curta por causa da pandemia, a gente teve bastantes jogos. É adaptar o tempo inteiro, um jogo atrás do outro”, afirmou.
A atleta está com a delegação brasileira em Hamamatsu, no Japão. Depois das diferentes sensações nos últimos três ciclos olímpicos, o sentimento de Carol Kumahara, faltando poucos dias para os Jogos, é de confiança. “Me sinto bem. Desde 2019 tenho feito bons jogos, com boas vitórias. Chego bem confiante para essa Olimpíada”, finalizou.
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