Flori Antonio Tasca
Um grupo de pesquisadores brasileiros propôs uma escala para identificar os agressores em casos de bullying. Realizado por Emerson Diógenes de Medeiros, Valdiney Veloso Gouveia, Renan Pereira Monteiro, Paulo Gregório Nascimento da Silva, Bruna de Jesus Lopes, Paloma Cavalcante Bezerra de Medeiros e Élido Santiago da Silva, o estudo, sob o título “Escala de comportamentos de bullying (ECB): elaboração e evidências psicométricas”, foi publicado em 2015 pela revista “Psico-USF” e atende à necessidade de se identificar envolvidos em bullying mediante instrumentos avaliativos eficazes.
Os pesquisadores escolheram se concentrar apenas na identificação dos agressores, já que avaliar o bullying como um todo exigiria muitos métodos de abordagem, colhendo relato dos alunos e professores, além de realizar observações em situações de sala ou de intervalo. A proposta foi construir evidências preliminares que facilitem a identificação de agressores, considerando a carência de estudos como esse no contexto brasileiro.
O bullying foi avaliado em quatro dimensões: bullying verbal, cyberbullying, bullying físico e bullying relacional. Os alunos receberam um livreto contendo 30 afirmações que diziam respeito a comportamentos de bullying. Eles precisavam dizer a frequência com que haviam cometido atos daquela natureza na última semana. Uma vez avaliados os resultados, o questionário foi aprimorado e chegou-se a 16 questões, quatro para cada dimensão do bullying, tornando a escala mais breve e de fácil compreensão para todos.
O fator “bullying verbal” engloba os seguintes comportamentos: apelidar os colegas; falar com tom de voz agressivo com um colega; fazer piadas de mau gosto e falar mal de colegas. O fator “cyberbullying” abrange: publicar fotos, na internet, ridicularizando os colegas; publicar montagens ridicularizando os colegas; postar vídeos constrangedores de colegas e criar grupos ou comunidades para ridicularizar os colegas.
Já o “bullying físico” contempla: abaixar as calças de um colega em público; rasgar roupas ou quebrar objetos; pisar em colegas propositalmente e chutar ou dar pontapés em colegas. E o fator relacional diz respeito a: excluir ou convencer amigos a excluírem colegas; insultar colegas por andarem com pessoas do sexo oposto; isolar colegas por apresentarem certas características e insultar colegas em função dos seus amigos.
Foi considerado que esses itens curtos podem ser usados adequadamente em estudos cujo interesse seja conhecer os antecedentes e consequentes de condutas de bullying. Os pesquisadores observaram que estimar precisamente a prevalência do bullying torna possível subsidiar estratégias de combate e prevenção das agressões, desenvolvendo, em consequência, um ambiente de convivência sadio e pacífico entre os estudantes.
Educador, Filósofo e Jurista. Diretor do Instituto Flamma – Educação Corporativa. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná, fa.tasca@tascaadvogados.adv.br