Escândalo: padre preso e acusações chegam a arcebispo

O que começou como uma denúncia isolada contra um padre da arquidiocese de Cascavel transformou-se em um dos maiores escândalos da Igreja Católica no Paraná. O sacerdote Genivaldo Oliveira dos Santos, de 42 anos, foi preso no domingo (24) durante a operação “Lobo em Pele de Cordeiro”, deflagrada pela Polícia Civil.

Ele é acusado de abusar de adolescentes, seminaristas e fiéis em situação de vulnerabilidade. Em buscas realizadas em sua residência e em uma clínica onde atuava, foram apreendidos computadores, celulares e brinquedos eletrônicos.

Número de vítimas aumenta e acusações atingem ex-arcebispo

As investigações, conduzidas pela delegada Thaís Zanatta, do Nucria, confirmaram até agora 11 vítimas. Entre elas, três relataram abusos cometidos pelo ex-arcebispo Dom Mauro Aparecido dos Santos, falecido em 2021.

Os relatos apontam que jovens eram atraídos com presentes, comida, dinheiro e videogames, e em alguns casos dopados com medicamentos ou derivados de maconha. Um depoimento em vídeo de um ex-seminarista detalhando abusos atribuídos a Dom Mauro intensificou a repercussão.

Histórico de denúncias abafadas

Documentos indicam que parte das denúncias foi abafada ao longo dos anos. Em 2011, um ex-seminarista relatou ter sido induzido a assinar um termo de silêncio após denunciar tentativa de abuso. Especialistas afirmam que tais medidas podem configurar ocultação de crimes.

O secretário estadual de Segurança, Hudson Leôncio Teixeira, esteve em Cascavel para acompanhar o caso e questionou a falta de providências mesmo após a morte do ex-arcebispo em 2021.

Acidente de 2019 volta a ser investigado

Outro episódio voltou ao debate: o atropelamento que matou Luiz Edimar dos Santos, em 2019. O veículo envolvido pertencia ao padre Genivaldo. Familiares afirmam que houve manobra para evitar perícia, e o caso, que não gerou inquérito na época, será agora reaberto.

Defesa e posição da Igreja

A defesa de Genivaldo afirma que ele é inocente e que as provas são frágeis, sustentadas principalmente em relatos. Os advogados criticam o “julgamento midiático”.

A Arquidiocese de Cascavel declarou colaborar com as investigações e que seguiu protocolos do Vaticano ao afastar o padre. O atual arcebispo, Dom José Mário Angonese, afirmou que, se confirmadas as acusações, Genivaldo poderá ser reduzido ao estado laical.

Estado amplia apurações e novas vítimas podem surgir

A delegada Thaís Zanatta informou que cerca de 20 pessoas ainda serão ouvidas e que novas vítimas podem aparecer. Entre elas estão outros religiosos que atuaram na região.

Por enquanto, as investigações concentram-se no padre Genivaldo, mas os casos atribuídos a Dom Mauro também deverão ser examinados.

Linha do tempo do caso

  • 2008 – BO registra estupro de criança de três anos em creche religiosa. Caso será reaberto.
  • 2010 – Seminarista denuncia tentativa de abuso; arquidiocese teria imposto silêncio.
  • 2012-2013 – Relatos de assédio atribuídos a Dom Mauro.
  • 2019 – Atropelamento em Cascavel, envolvendo carro do padre, deixa vítima fatal.
  • 2024 – Tentativa de suicídio de vítima leva PM a elaborar relatório de inteligência.
  • 2025 – Operação prende o padre Genivaldo e desencadeia a maior crise da Igreja em Cascavel

Com informações do Jornal Preto no Branco de Cascavel

você pode gostar também

Comentários estão fechados.