A comunidade da Escola Municipal União, no bairro São Roque, homenageou nesta sexta-feira (23) o autor do hino de Pato Branco, Valdir Alves da Silva Wassmuth. Pela manhã, os alunos apresentaram releituras da música, mostraram cartazes, entregaram homenagens e confraternizaram com o compositor, que hoje vive em Chapecó, Santa Catarina, e que esteve em Pato Branco a convite da escola.
De acordo com a diretora, Adriana Casagrande, a atividade faz parte de uma série de ações realizadas com os alunos por ocasião do aniversário de 70 anos de Pato Branco, que será comemorado em dezembro. “É importante conhecer e trabalhar a história do nosso município, pois ela faz parte da nossa própria história. São 70 anos da nossa cidade e os alunos precisam conhecer e se apropriar dela”, explica a diretora.
Ela contou ainda que os alunos também criaram poesias, músicas, cartões e outros trabalhos relacionados ao tema. Atividades em sala de aula com a presença do compositor do hino também aconteceram nesta sexta.
Por coincidência, Valdir também completou 70 anos de idade em 2022.
O projeto Batucação participou da homenagem com a apresentação de uma releitura do hino. Cleverson Constantino, o Mau Mau, coordenador do grupo, explica que a música foi adaptada para o sistema de batidas da Batucação, mais voltada a linha das escolas de samba. “Buscamos algumas releituras, estabelecemos parâmetros, para adaptar ao nosso sistema, já que o hino tem um caráter mais marcial”, explicou o coordenador.
Hino
O site do Município de Pato Branco atribuiu à Valdir Alves da Silva a autoria da música do hino de Pato Branco. A letra é atribuída a Francisca Rocilda Alves da Silva.
A composição de um hino para Pato Branco foi estimulada por um concurso cultural, promovido pela Secretaria Municipal de Educação nos anos 1980, na gestão do secretário Sittilo Voltolini. É o que conta Valdir.
Ele lembra que 10 composições concorreram ao prêmio, e a sua foi a escolhida. O edital do concurso previa que o hino tivesse adjetivos, enaltecesse a cidade, e que fosse uma música fácil de cantar.
Mesmo tendo vencido o concurso, foram necessários outros três anos para que a canção fosse oficializada como hino municipal.
Valdir conta que a letra e a música foram contestadas por lideranças políticas. Um vereador queria que a imigração italiana fosse mencionada na letra. O compositor diz ter sido contra a medida, pois não julgava apropriado priorizar um grupo étnico, visto que a comunidade local possui diferentes origens. “Os primeiros habitantes aqui são indígenas”, comentou.
Outra liderança da época defendia que o posicionamento geográfico de Pato Branco deveria estar contido na letra. Valdir também foi contra por precaução. Entre 1943 e 1946, existiu o território federal do Iguaçu, do qual Pato Branco fazia parte. Mesmo extinto, o debate sobre a recriação de um estado na região seguiu por muitos anos.
Por conta disso, o compositor achava arriscado eternizar na letra a localização da cidade no sudoeste do Paraná.
Quanto a melodia, havia quem preferisse que a música terminasse de forma mais direta, sem as batidas marciais finais. Valdir também se opôs. Sem as batidas, o hino perderia a imponência, ele avalia.
O prêmio do concurso era de 150 mil (cruzeiros ou cruzados, não conseguimos checar até o fechamento desta edição), o que na época era o valor de um carro popular. A alta inflação corroeu o prêmio, que só foi entregue ao fim dos debates sobre a letra e a música. No fim das contas, o valor foi o suficiente para pagar a mão de obra de uma calçada da casa do compositor, no bairro La Salle. É o que conta Valdir.